São Paulo, SP 24/1/2022 – Precisamos quebrar alguns paradigmas em funções consideradas ‘inapropriadas para mulheres’.
Mesmo ainda em minoria, as mulheres vêm conquistando mais espaços no agro brasileiro. Pesquisas mostram que elas ampliaram a presença para além das lavouras e agora ocupam cargos de gerenciais e técnicos.
A expectativa de aumento de 14% na safra de grãos este ano, chegando a 289 milhões de toneladas, fará o Brasil bater mais um recorde na produção agropecuária. As estimativas são da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A pujança que coloca o setor como o principal responsável pelos bons resultados do PIB (Produto Interno Bruto), traz cada vez mais os traços femininos em áreas antes exploradas quase que exclusivamente por homens.
Dados divulgados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP) revelam que a participação feminina aumentou 13,29%, se comparado com o 3º trimestre de 2020 e de 2021. Período em que elas passaram a ocupar os novos postos de trabalho oferecidos. No acumulado de 2004 a 2015, esse percentual passou de 24,1% para 28% do total nos variados setores, como de insumos, agropecuária, agroindústria e agrosserviços.
Embora essa representatividade esteja ganhando força, ainda é necessário um olhar mais equilibrado na questão de gênero. Formada em Economia com especialização de Marketing e experiência de 15 anos no mercado agrícola na indústria de defensivos agrícolas, sementes e fertilizantes, Monique Gomes Marques acredita que o maior desafio está sendo em capacitar essas profissionais. “Precisamos quebrar alguns paradigmas em funções consideradas ‘inapropriadas para mulheres’”, disse a gestora de uma equipe com a predominância de mulheres.
A especialista não está sozinha. A desigualdade de gênero ainda é vista como um desafio a ser enfrentado por 64% de mulheres que responderam à pesquisa divulgada em outubro de 2021 pela Agroligadas, com apoio da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). Das 400 mulheres que atuam no agro ouvidas pelo estudo, 87% acham importante ter o mesmo nível de treinamentos, 80% percebem que é preciso mais apoio para mulheres que sofrem com a desigualdade de gênero, e 90% enxergam como fundamental aumentar a divulgação de casos de sucesso.
Apesar disso, 93% das entrevistadas disseram ter orgulho em atuar no campo. A maioria são proprietárias, seguidas de diretoras, gerentes, administradoras, empregadas, supervisoras, médicas veterinárias, engenheiras agrônomas e zootecnistas, além de estagiárias. Para 79% delas, a situação das mulheres no agro melhorou em dez anos.
“Com a vivência profissional de alguns anos neste setor, me sinto feliz em ver as mudanças e oportunidades que estão sendo criadas para as mulheres que estão chegando, pois encontrarão um ambiente com mais equidade e respeito para se desenvolverem. A expectativa é de que daqui alguns anos tenhamos um espaço livre de preconceitos e que as novas gerações possam transitar por uma estrada pavimentada por mulheres resilientes e fortes, como as que tive a oportunidade de conhecer, trabalhar e me espelhar ao longa da minha trajetória”, ressaltou Marques.