27/4/2022 – O modelo de trabalho híbrido vem se mostrando o mais apropriado para a maioria das organizações, pois alia o melhor dos dois modelos
Estudo aponta que apenas 12% dos centros pretendem voltar ao formato 100% presencial; empresária comenta dados do estudo e do papel dos Centros de Serviços Compartilhados para o mercado nacional
O mercado de trabalho brasileiro não será o mesmo após a pandemia de Covid-19. Exemplo disso, cerca de 60% dos CSCs (Centros de Serviços Compartilhados) pretendem manter o modelo híbrido após o fim da pandemia, enquanto somente 12% deles pretendem voltar ao formato 100% presencial. A informação é do Relatório “Pesquisa Perspectivas CSC COVID-19 – Parte 6”, desenvolvido pelo IEG (Instituto de Engenharia de Gestão).
Também conhecido como SSC (Shared Service Center, na sigla em inglês), um CSC é um modo de negócio que possibilita a integração de setores e informações de uma empresa, considerando desde o modelo de atendimento até a gestão de pessoas, passando por governança empresarial, processos e ferramentas tecnológicas.
Vanessa Saavedra, CEO e fundadora do IEG (Instituto de Engenharia de Gestão), explica que um CSC pode ser definido como uma unidade ou área de uma organização responsável por processos que possuem sinergia entre os negócios da empresa, absorvendo as atividades de suporte que apresentam grande volume transacional, como “Contas a Pagar”, “Contas a Receber” e “Folha de Pagamento”, dentre outras. “Os CSCs se apresentam como um modelo de gestão ideal focado na melhoria da qualidade dos processos, eficiência, controle e redução de custos”, diz.
Segundo a empresária, por ter em seu escopo atividades de cunho administrativo, o CSC tende a ser uma estrutura propícia para o formato de trabalho remoto, pois a maioria delas não exige que a prestação de serviço aconteça de forma presencial.
Vanessa observa ainda que a pandemia de Covid-19 forçou as companhias e suas equipes a adotarem o home office sem nenhum planejamento. “Problemas como conexão de internet instável, barulho em residências dos funcionários, instabilidade no acesso VPN, gestão de atividades pessoais e profissionais coexistindo, entre outros, tornaram-se a realidade de diversas empresas”, explica. “Apesar disso, com o avançar da crise sanitária, esses problemas foram trabalhados intensamente pelas organizações”.
Vanessa destaca que elementos como melhoria na qualidade de vida dos funcionários e nas entregas, aumento da produtividade e foco em resultados foram alguns dos principais benefícios apontados pelos executivos no estudo do IEG em relação às suas equipes no modelo home-office.
“Soma-se a isso o fato de que, segundo dados de estudos realizados pelo IEG, durante a pandemia, quase 80% das empresas reduziram ou mantiveram o custo total do CSC, quando comparado com 2019, ano que precedeu a pandemia, gerando uma economia significativa para 34% das organizações”, reporta.
Agora, prossegue, passada a fase mais crítica da pandemia, com a redução e flexibilização de grande parte das medidas de combate à Covid-19, muitas empresas estão questionando a retomada das atividades in loco. Até janeiro de 2022, apenas 20% dos CSCs que estavam em home office tinham retornado com 100% do time ao escritório.
“O modelo de trabalho híbrido vem se mostrando o mais apropriado para a maioria das organizações, pois alia o melhor dos dois modelos: economia e conveniência do trabalho remoto – com melhor gestão do tempo, qualidade de vida, entre outros – e o contato humano do formato presencial – com fortalecimento da cultura da organização e maior agilidade nas decisões, etc.”, afirma.
CSCs desempenham papel importante no mercado
Vanessa explica que, no Brasil, o modelo de serviços compartilhados já é consolidado há mais de duas décadas pelas maiores empresas do país e vem evoluindo gradualmente, com mais de duzentas companhias com CSCs já implantados. Nos últimos 5 anos, a taxa média de crescimento dos Centros foi de 14%. “Na maioria das empresas, o CSC é mandatório, consiste em um departamento da organização e mais de 80% se reportam à Diretoria Corporativa, Presidência, Vice-presidência ou Estrutura Global”.
Segundo a CEO e fundadora do IEG, as áreas mais comuns no escopo dos CSCs brasileiros são: Financeiro (Contas a Pagar, Contas a Receber etc.), Fiscal, Contabilidade, Recursos Humanos, Tecnologia da Informação, Facilities e Jurídico. Todavia, atividades de perfil mais analítico e estratégico estão sendo cada vez mais incorporadas.
“Com o mercado cada vez mais competitivo, o modelo de serviços compartilhados ajuda as empresas a terem um melhor desempenho, pois promovem elementos como centralização de processos, economia de escala e eficiência, padronização e otimização de processos, melhoria na qualidade dos serviços, desoneração das áreas e maior controle”, detalha.
Na visão de Vanessa, o sistema de trabalho híbrido é recomendado, em maior e menor grau, de acordo com a cultura e estratégia de cada negócio. “Esse modelo [híbrido] vem ganhando muita força para as empresas que não querem realizar uma mudança radical, seja para adotar o modelo remoto como o oficial ou para retornar todos os colaboradores para o trabalho 100% presencial”, articula. “Nesta linha, a empresa pode minimizar as desvantagens de cada formato e tirar melhor proveito dos benefícios de cada um deles”.
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