Alta da Selic: quais os melhores investimentos?

Entenda como o reajuste da taxa básica de juros mexe com os retornos da renda fixa e impacta a Bolsa de Valores.

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O Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou na noite de ontem (4) a nova taxa básica de juros, de 12,75% ao ano, um aumento de 1 ponto-percentual sobre o patamar anterior. Entre os investimentos que são mais favorecidos pelo aperto monetário estão as aplicações de renda fixa, que passam a oferecer aos investidores retornos próximos a 1% ao mês. Rendimentos como esse foram vistos pela última vez há mais de cinco anos, quando a taxa chegou a alcançar 14,25% ao ano.

 

A seguir, confira os melhores investimentos para aproveitar o momento:

 

Títulos de renda fixa

 

Com a alta da taxa básica de juros, os títulos de renda fixa atrelados à própria Selic ou ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), um indicador cujo valor é muito próximo ao da Selic, são favorecidos.

 

Esses investimentos incluem o Tesouro Selic, cujo rendimento é indexado à taxa básica de juros somada a um pequeno percentual adicional definido no momento do investimento. Atualmente, a rentabilidade anual do Tesouro Selic com vencimento em 2025, por exemplo, é de 12,88% (Selic + 0,1374%).

 

Também há CDBs (Certificados de Depósito Bancário), LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), que são atrelados ao CDI quando são do tipo pós-fixado.

 

Vale notar que, em ciclos de alta de juros, é comum que os títulos prefixados sejam preteridos por não permitirem que os rendimentos acompanhem a evolução da taxa. Por exemplo, se uma pessoa investir R$ 1 mil em um título prefixado com rendimento de 12,75% ao ano e vencimento em 2029, ela necessariamente irá resgatar R$ 2.316,41 ao final do período.

 

Porém, o mercado espera que a Selic chegue a 13,25% até o final do ano – assim, no momento atual, é mais vantajoso optar por títulos pós-fixados.

 

“No entanto, também é possível aplicar em ativos prefixados de três a quatro anos, apostando em uma queda da inflação nos próximos dois anos, como uma forma de garantir a proteção patrimonial”, afirma Bruno Di Giacomo, CIO da Blackbird Investimentos.

 

Todos esses investimentos, com exceção das LCIs e LCAs, que são isentos, são tributados de acordo com a tabela regressiva do Imposto de Renda, com alíquotas de 22,5% para prazos menores que seis meses e 15% para prazos acima de dois anos.

 

Fundos de renda fixa

 

Da mesma maneira que os títulos do Tesouro Direto são favorecidos pela alta da Selic, os fundos de renda fixa também são. A diferença é que eles agrupam diferentes títulos em uma única aplicação, e os recursos dos investidores são administrados em conjunto por um gestor profissional.

 

Para um fundo ser considerado de renda fixa, ao menos 80% do seu portfólio deve ser dedicado a ativos como CDBs, títulos do Tesouro Direto, letras de crédito e outros. Eles também podem incluir papéis com maior risco de crédito, como debêntures , e utilizar derivativos para proteger os investimentos.

 

Existem dois tipos principais de fundos de renda fixa que merecem atenção com a alta da Selic: os fundos simples, que destinam 95% da carteira a títulos públicos, e os fundos referenciados, que atrelam o rendimento a um índice de referência, como a Selic ou o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

 

Os fundos também podem ser diferenciados de acordo com o prazo de vencimento dos títulos presentes nele, sendo subdivididos em curto, médio e longo prazo, ou então apresentando duração livre.

É preciso notar, porém, que existe a incidência de taxas de administração e de performance nos fundos de renda fixa, além do imposto de renda, que segue a tabela regressiva.

 

ETFs de renda fixa

 

Outra maneira de diversificar dentro da renda fixa e aproveitar a alta da Selic é através de ETFs (fundos de índices).

 

Esses fundos, em vez de contarem com uma gestão ativa, são elaborados com a finalidade de replicar um índice, como os índices da Anbima ou o S&P/BM&F Índice de Futuros de Taxa de Juros – DI 3 anos, por exemplo.

 

Existem sete opções de ETFs de renda fixa na B3, que apresentam estratégias diferentes:

 

FIXA11: permite exposição a contratos futuros da taxa DI de três anos, refletindo as expectativas do mercado em relação à evolução da taxa Selic.

IRFM11: investe em títulos prefixados, como LTN (títulos do Tesouro Direto do tipo prefixado) e NTN-F (títulos do Tesouro prefixados com juros semestrais).

B5MB11, IB5M11, IMBB11, IMAB11 e B5P211: investem majoritariamente em títulos do Tesouro Direto atrelados ao IPCA, com prazos de vencimento diversos.

 

A vantagem em relação aos fundos de renda fixa é que os ETFs tradicionalmente possuem taxas de administração menores, e são tributados com a alíquota de 15% sobre os rendimentos, independentemente do prazo da aplicação.

 

E investimentos de renda variável?

 

Com a alta da Selic, é comum que os investidores saiam da renda variável, considerada mais instável, e migrem para a renda fixa, em um movimento que tende a derrubar os preços das ações. Além disso, a alta nos juros costuma ser ruim para as empresas listadas porque aumenta o custo dos financiamentos e pode reduzir os lucros futuros.

 

“Esse tende a ser um ambiente em que o investidor não deve tentar ‘ser herói’, mas sim aproveitar os investimentos que ele pode fazer na taxa livre de risco do Brasil”, complementa Fabiano Godoi, sócio e diretor de investimentos da Kairós Capital.

 

Ainda assim, especialistas aconselham não deixar a renda variável completamente de lado, tendo em vista que o ciclo de alta de juros, que se iniciou em abril do ano passado, fez com que muitos ativos passassem a ser negociados a preços descontados.

 

“As perspectivas de rentabilidade na Bolsa de Valores, aos preços atuais, podem ser bastante superiores às da renda fixa”, avalia João Beck, economista e sócio da BRA.

 

Setores como o financeiro, por exemplo, que abarca bancos e seguradoras, podem até mesmo ser beneficiados pelo aumento da taxa de juros.

 

Fonte: Forbes

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