José Roberto Colnaghi, da Asperbras, fala sobre os projetos na África

O grupo brasileiro investe em complexos industriais, saúde e abastecimento de água em Angola e no Congo

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A Asperbras tem uma trajetória que se distingue dos grandes grupos empresariais do Brasil. Como a maioria deles, teve origem familiar, iniciada com uma pequena loja de implementos agrícolas, fundada em 1966 por Francisco Colnaghi, em Penápolis, no interior paulista. A modesta empresa deu origem a um conglomerado que estabeleceu sua base de crescimento no compromisso com a qualidade e com o desenvolvimento social. Atualmente, o Grupo está presente em três continentes – África, Europa e América do Sul – e possui mais de três mil profissionais que trabalham em segmentos diversos, tais com empreendimentos agrícolas, geração de energia, mercado imobiliário, indústria alimentícia, produção de madeira certificada, fabricação de tubos e conexões, entre outros. Mas foi no continente africano que a empresa mais fortaleceu sua vocação social. “A maioria dos nossos projetos na África são voltados para ações sociais”, diz José Roberto Colnaghi, da Asperbras.

Presidente do Conselho da Asperbras, Colnaghi sublinha que os investimentos na África começaram em 2004, em Angola. Atualmente, o grupo detém a concessionária de caminhões MAN Volkswagen naquele país e também está presente no Congo, onde é responsável pela construção de 12 hospitais, um distrito industrial e um programa de construção de poços artesianos para fornecer água potável à população. “Há tanta carência, que esses projetos que que estamos implementando vão fazer muita diferença na vida das pessoas”, diz José Roberto Colnaghi. O grupo desenvolve ações ligadas à saúde, abastecimento e indústria de base. São milhares de pessoas beneficiadas nos últimos anos em várias províncias e vilas espalhadas pelo Congo e Angola.

Acompanhe abaixo a íntegra da entrevista com José Roberto Colnaghi:

Como o Grupo Asperbras começou a atuar na África?

Há anos, recebemos a visita de um empresário angolano, interessado em projetos agrícolas. Desenvolvemos um ótimo relacionamento e ele nos convidou para conhecer Angola. Na época, o país havia acabado de sair da guerra civil e precisava de tudo. Não pensamos duas vezes em começar a atuar. Nosso primeiro projeto foi a construção de um complexo com mais de um milhão de metros quadrados, que contemplava 30 indústrias. Desde 2004, o grupo participa decisivamente na reconstrução industrial do país por meio de soluções tecnológicas.

Como funciona o projeto de mobilidade escolar que o grupo está implantando em Angola?

É um projeto muito bonito, chamado Avante. Por meio dele, já foram entregues 500 ônibus que beneficiam cerca de 14 mil alunos. Algumas crianças precisam percorrer quase 12 km para ir à escola. Isso facilitou muito a vida delas. O projeto engloba 18 províncias do país. Ainda não é um número suficiente para atender toda a população escolar, mas já é um começo. Os ônibus, fabricados no Brasil pela Marcopolo, foram entregues para a Asperbras Veículos – concessionária Volkswagen em Angola. Também participam desta iniciativa a PAIT Consultoria, responsável pela implementação do programa, e a Transdata Smart, empresa que automatiza o acesso e o pagamento de passagens.  Esse projeto está sendo ampliado, atualmente, para tornar-se uma proposta de transporte público para toda a população angolana.

Vocês atuam em outros países africanos?

O reconhecimento do trabalho que já desenvolvíamos nos credenciou em nossa expansão para outras nações. Hoje, além de Angola, atuamos no Congo-Brazzaville e temos tratativas de negócios com o Gabão. Nossa interação com esses países é voltada, principalmente, a projetos sociais. O complexo industrial que construímos no Congo, por exemplo, já têm 20 fábricas funcionando  e isso tem influenciado positivamente na geração de emprego.

Quais são as principais iniciativas da Asperbras no Congo?

Além dos complexos industriais, temos dois outros projetos em andamento, ligados à saúde e abastecimento de água. Inicialmente, construímos quatro mil poços artesianos, com a utilização de energia solar, que envolvem o tratamento e armazenamento da água, chamado “Água para Todos”. Seu objetivo é melhorar a qualidade de vida de mais de um milhão e quinhentos mil congolenses. Também estamos construindo e implantando 12 hospitais-gerais, por meio do programa “Saúde para Todos”.

Como estão ocorrendo as construções desses hospitais?

Apresentamos o projeto de construção dos hospitais e, a partir daí, nos equipamos e iniciamos o projeto. Temos todos os equipamentos que nos permitem atuar com eficácia no processo construtivo. Além disso, possuímos ótimas instalações para quem trabalha no projeto. No auge da construção, chegamos a ter oito mil funcionários, hoje são 3.500.  Nós não oferecemos apenas a construção, os hospitais também são equipados, com todo material interno, que inclui ambulâncias e equipamentos médicos sofisticados para diagnóstico de por imagem, por exemplo.

Qual a importância do trabalho social desenvolvido nos países da África?

Nós trabalhamos para gerar emprego, renda e fazemos o máximo possível de ações sociais. São países que ainda têm muitas necessidades. Há tanta carência que a situação realmente nos afetou e mexeu com o nosso coração. Isso nos incentiva a desenvolvermos projetos que irão auxiliar a população. Uma pesquisa realizada por especialistas naquela região mostrou que, a cada dez mortes, seis são causadas por malária e diarreia, decorrente da péssima qualidade da água. Então, lançamos o projeto dos poços no Congo. Também temos orfanato no país e auxiliamos a ONG Médicos Sem Fronteiras, para a qual fornecemos remédios.

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