Obra relata a história da vinda dos libaneses pelo olhar sensível de um imigrante

O livro "Um imigrante libanês – suas histórias e contos pitorescos" retrata de maneira simples e tocante, em alguns momentos com muito bom humor, os desafios da família Eid.

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Há 7 milhões de descendentes de libaneses no País enquanto que, no próprio Líbano, a população total hoje é 6,8 milhões. A influência deste povo em nossas terras é tremenda e envolve aspectos econômicos, sociais e até políticos. Com objetivo de exaltar essa gente, o caçula entre os sete irmãos, médico e escritor Karim Eid explora suas raízes e exterioriza todo o processo de recriação da identidade de seus pais libaneses no Brasil de 1920 no livro Um Imigrante Libanês – suas histórias e contos pitorescos. O autor insere o leitor em um contexto histórico ao relatar a inserção de sua família em nossa sociedade por meio do comércio e novas relações culturais.

Os desafios vividos por seu pai Nicolau Eid – figura central do livro – e sua mãe Adélia são explanados com simplicidade e bom humor. Como exemplo, o pouco domínio da nossa língua portuguesa e o causo engraçado na troca da letra “B” pelo “P” ao pronunciar o nome da dona Benes como dona Penes, o que causou uma associação inevitável para quem ouviu. Simultaneamente, Karim explora, sempre de maneira branda, o cenário caótico dos que fugiram do domínio Otomano no Líbano. Assim como seu pai, entende-se a angústia dos imigrantes libaneses ao chegarem ao Brasil pelo Porto de Santos com um futuro incerto.

As memórias trazem aspectos relevantes das condições de vida, como a passagem pela cidade de São Paulo, em um bairro que costumava atender imigrantes, e toda uma estrutura voltada para vendas de imóveis para este público. Porém, sabendo que teria melhores oportunidades se iniciasse um trabalho remunerado em família, Nicolau decide mudar-se para a pequena cidade de Novo Horizonte (ao norte do estado, a 410 km da cidade de São Paulo), com intuito de encontrar seus dois irmãos – que já estavam no País antes de sua chegada e tinham um pequeno comércio.

Assim como o nome do município, Nicolau alcançou novas perspectivas após um tempo e desenvolveu-se junto com a cidade, conseguindo abrir o seu próprio negócio independente dos irmãos e constituindo um lar nos fundos de seu empreendimento. Foi ali que, em 1945, nasceu Karim – 23 anos após a criação da comarca de Novo Horizonte.

O exemplar, embora cheio de situações que permeiam a realidade da família Eid, vai de encontro com tantos outros libaneses que conseguiram entrecruzar suas vidas com a nossa história, o que faz com que o leitor sinta-se verdadeiramente tocado pelo afinco de Nicolau ao preparar um novo horizonte para seus filhos.

Karim, hoje aposentado, descreve feliz toda sua trajetória de sucesso ao ter escolhido como profissão a medicina, fruto de sua habilidade no trato humano – herança de seu pai. No que se refere à realização pessoal, a elaboração desta obra vem registrar sua homenagem aos libaneses que aqui habitam, que perseveram diariamente e conseguem lidar com desafios; também sua gratidão aos brasileiros, povo que acolheu seus antecedentes.

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