São Paulo 1/7/2021 –
Estudo do Sebrae e da FGV revela aumento de 5,4 pontos no Índice de Confiança de Micro e Pequenas Empresas no mês de maio
Transformar o limão em limonada, encontrar oportunidades nos problemas e uma série de outras expressões podem ser usadas para explicar a maneira como muitas startups encontraram caminhos alternativos para não só se manterem vivas, mas, em alguns casos, até ampliarem o faturamento em tempos de pandemia. O resultado já começa a aparecer em alguns estudos. Um deles é o Índice de Confiança de Micro e Pequenas Empresas (IC-MPE), que é calculado pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV). De acordo com a pesquisa, o indicador registrou um aumento de 5,4 pontos, em maio, atingindo o patamar de 93,5 pontos, o maior nível desde dezembro de 2020 (94,6 pontos).
Um dos exemplos é a startup Vá de Táxi, plataforma que opera por meio de um aplicativo para smartphone que possibilita chamar um táxi e fazer o pagamento diretamente no aplicativo. Com os chamados lockdowns sucessivos e sem pessoas nas ruas, os taxistas faziam, no máximo, duas ou três corridas por dia. O resultado foi a queda abrupta da renda desses profissionais, os mais prejudicados com a situação. A startup aproveitou o momento de corridas baixas e ociosidade da frota para repensar o modelo de negócios, ampliando para serviços, além de mobilidade. A opção foi por um sistema no qual o taxista, além de transportar passageiros, pudesse prestar serviços a clientes das seguradoras como trocar pneus, carregar ou trocar baterias, entre outros.
“Desenvolvemos um treinamento InApp para uma frota selecionada no projeto-piloto, sendo que a capacitação era complementada com cursos presenciais em parceria com seguradoras”, explicou Glória Miranda, CEO da Vá de Táxi. Ao todo, foram mais de 200 motoristas capacitados somente em São Paulo. Desde então, a demanda pelos serviços prestados por eles vem aumentando de tal forma que os ganhos já não são mais vistos como dinheiro extra, e sim como uma segunda fonte de renda, o que deu a certeza para a expansão do projeto em escala comercial nacional. A ideia é expandir o serviço para todo o Brasil através da vertical VDT Assist, que irá incorporar ainda outros serviços como pequenos reparos em residências, por exemplo, aproveitando a base de 130 mil taxistas cadastrados na plataforma.
Outra startup a encontrar caminhos para expandir suas atividades foi a Closeer, aplicativo que fomenta a Gig Economy no Brasil, conectando pessoas em busca de vagas flexíveis de trabalho às empresas que precisam destes profissionais. A empresa lançou a EduCloseer, serviço que oferece aos usuários uma série de cursos gratuitos, relacionados às diversas funções solicitadas no app. “A pandemia trouxe um cenário de desemprego que pegou de surpresa muitas pessoas que hoje vivem em um mercado escasso de oportunidades. Pensando em quem precisa aprimorar seu conhecimento para cumprir os “jobs” que as empresas mais ofertam, como os de restaurantes ou cozinha, a EduCloseer entra como apoio na qualificação. A ideia é que as empresas também possam hospedar seus treinamentos específicos ali, facilitando a chegada do profissional Closeer”, explica o CEO da Clooser, Walter Vieira.
A Closeer é um projeto da Play Studio, consultoria de inovação e venture builder. Para Thiago Burgers, sócio da Play, essa capacidade de adaptação é fundamental para o desenvolvimento saudável das startups em qualquer época, mas a pandemia exigiu uma maior velocidade neste processo. “Muitas empresas estão revisando seus portfolios de inovação, reduzindo os investimentos em projetos mais incertos e de longo prazo, para inovações de curto prazo, com foco em geração de receita adicional ou redução de custos. Esse tipo de revisão é importante pois nas empresas mais afetadas pela crise, alinha a estratégia do negócio com os desafios de inovação, gera engajamento e consequentemente resultados concretos”, diz.
A opinião é compartilhada por Arthur Rodrigues, diretor e cofundador da XSFERA, plataforma de serviços especializados de consultoria de negócios e de soluções regulatórias, focada no mercado financeiro e de pagamentos. Segundo ele, a dinâmica do mundo dos negócios, sobretudo em alguns segmentos como a indústria financeira sempre foi acelerada e a pandemia acabou acrescentando um novo e impactante item a ser analisado. “As empresas que já estavam se preocupando com inovações e novas regulações como o Pix e o Open Banking, de repente também tiveram que absorver novos comportamentos do consumidor e do varejo. Isto exige agilidade para fazer diagnósticos rápidos, avaliar cenários futuros com precisão, escolher as alternativas mais vantajosas e colocar os projetos em prática. Felizmente temos muitos empreendedores que estão conseguindo fazer tudo isso”, concluiu.