São Paulo, SP 21/6/2021 – Com a realização de exames de audiometria periódicos, a possível perda de audição pode ser precocemente detectada e devidamente tratada, evitando uma evolução
Segundo o relatório da OMS ainda existe muito preconceito com as pessoas com baixa audição e, muitas vezes, isso as inibem a buscar o tratamento adequado
A perda auditiva é mais comum do que a maioria das pessoas imagina, no Brasil, de 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva, 2,3 milhões têm deficiência severa, segundo o estudo feito pelo Instituto Locomotivo, em conjunto com a Semana da Acessibilidade Surda. De acordo com o estudo, entre as pessoas com deficiência auditiva, 9% nasceram com essa condição e 91% a adquiriram ao longo da vida, sendo que a metade foi antes dos 50 anos. A perda auditiva pode ser descoberta a partir de exames de audiometria ocupacional, os quais previnem e identificam possíveis sinais.
O exame de audiometria é um procedimento simples que tem a função de detectar alterações, doenças auditivas e de medir o grau de audição, informa Ana Lúcia Siqueira Pirovani Antonialli, graduada em Fonoaudiologia pela Universidade Bandeirantes de São Paulo, com atuação nas áreas de audiologia clínica e audiologia ocupacional. “Durante a realização do exame o paciente entra em uma cabine acústica para que não seja afetado por nenhum ruído externo e coloca fones de ouvido transmissores de estímulos sonoros gerados no aparelho de audiometria, sendo assim, é possível analisar a percepção de intensidade sonora do sujeito examinado”, explica a fonoaudióloga.
Ana Lúcia relata que a execução do teste em trabalhadores constantemente expostos a ruídos intensos é o que mais caracteriza o exame de audiometria ocupacional. Também afirma que é extremamente relevante as empresas possibilitarem o exame aos funcionários, até mesmo porque é previsto por leis trabalhistas de acordo com os critérios determinados pela NR 7.
A exposição a altos níveis de ruído de forma contínua pode ocasionar consequências auditivas graves, diz Antonialli, como a perda de audição, zumbidos ou a surdez súbita. Os quais, por vezes, levam muito tempo para serem percebidas pelo próprio operário, que acaba demorando a ser encaminhado a um médico especialista.
“Com a realização de exames de audiometria periódicos, a possível perda de audição pode ser precocemente detectada e devidamente tratada, evitando uma evolução do problema”, observa a fonoaudióloga, com curso avançado em Audiologia Clínica pelo Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo – USP e com conhecimentos em exames de audiometria de alta frequência pesquisando os limiares de sons bem agudos, acima de 9.000Hz.
De acordo com o Relatório Mundial sobre Audição, lançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que um quarto da população global, ou o equivalente a cerca de 2,5 bilhões de pessoas, terá algum grau de perda auditiva em 2050. O estudo destaca, entretanto, que cerca de 60% das perdas podem ser evitados com investimentos em prevenção e tratamento de doenças ligadas à surdez.
Conforme a especialista, o exame de audiometria ocupacional é de extrema importância, pois acompanha a saúde auditiva dos trabalhadores de maneira preventiva e possibilita intervenções médicas precoces, antes mesmo da ocorrência de distúrbios auditivos mais significativos.
“Deve-se ressaltar que para uma prevenção e detecção efetivas, o exame deve ser realizado em três principais momentos no setor trabalhista: no processo de admissão, periodicamente a cada 6 meses de serviço e no desligamento ocasional do funcionário”, finaliza Ana Lúcia Antonialli, com experiência em monitoramento audiológico para adaptação de próteses auditivas e implante coclear em clínica de especialidades médicas e em unidade móvel para realização dos exames audiológicos em trabalhadores que tenham contato frequente com ruídos intensos.