São Paulo 3/12/2021 – Se o perfil do síndico teve evolução, os desafios da gestão são bastante conhecidos por quem mora em condomínios.
O CondoConta, primeiro banco exclusivo para condomínios brasileiros, apresentou os resultados de pesquisa inédita sobre os desafios da gestão condominial no país e como os profissionais do setor enfrentaram o cenário de pandemia. O estudo foi apresentado na primeira edição do ContoConta Summit, evento totalmente virtual realizado neste dia 6 com mais de 3.000 participantes de todos os estados do Brasil.
Os resultados da pesquisa “Os desafios do cotidiano na gestão condominial” foram apresentados em painel que reuniu importantes nomes do segmento, como Julio Paim, do SindicoNet, Ricardo Karpat, da Gábor RH, e Daniel Lima, do Papo Condominial. Os dados apontam que ainda há mais homens que mulheres entre os síndicos(as): eles são 64,57% do público que respondeu à pesquisa, com mais de 50 anos (41,73%). A renda mensal é superior a oito salários mínimos para 25,20% dos participantes, e 34,19% dos síndicos ocupam o atual cargo entre dois e cinco anos.
Quase metade dos pesquisados tem pós-graduação (48,2%) e 54,84% concluíram cursos mais específicos e direcionados à formação de gestão condominial. Para Ricardo Karpat, da Gábor RH, o cenário mostra uma evolução importante do segmento condominial, mostrando que houve uma diferença importante no perfil dos síndicos nos últimos 10 anos, especialmente. “Essa mudança de perfil demonstra que cada vez mais pessoas qualificadas optam por entrar nesse segmento como síndicos profissionais e buscam qualificação específica”, diz ele.
Se o perfil do síndico teve evolução, os desafios da gestão são bastante conhecidos por quem mora em condomínios. A pesquisa aponta que o principal desafio para síndicos está relacionado à postura do condômino, seguida por conflitos entre moradores, barulho, contornar objeções, comunicação e inadimplência. Completam a lista dos desafios lidar com animais, obras, funcionários e a utilização dos espaços comuns. Uma prática ainda pouco empregada pelos gestores é o pedido por feedback dos moradores: 35,5% pedem retorno formal aos condôminos, enquanto 64,95% preferem não solicitar qualquer avaliação. Os pesquisados apontam ainda desafios de atualização em seus condomínios, já que 40,21% deles estão em edifícios com mais de 20 anos. As maiores demandas indicadas foram relacionadas a áreas internas e revestimentos externos, instalação de energia solar e de sistemas de segurança.
A atenção a medidas de manutenção pode ser otimizada por meio da implementação de processos práticos a serem adotadas por condomínios, na avaliação de Daniel Lima, influenciador e fundador do Papo Condominial. Além de buscar os serviços de assessoria jurídica e auxiliares técnicos para acompanhamento de obras, a atualização constante dos serviços de manutenção pode contar com medidas como a adoção de prazos, sob o termo SLA (Service Level Agreement), tão utilizado em grandes companhias. “É importante definir escalas de prioridades para os mais diversos acontecimentos possíveis em um condomínio, para definir tempo de resposta”, afirma Lima. Depois de um período de adaptação, a prática também ajudará a definir indicadores e melhorias para os locais.
Outra conclusão da pesquisa é a de que o sistema bancário não atende o condomínio em demandas de financiamento e investimento, na opinião de 72,16% dos pesquisados.
Para Julio Paim, do SindicoNet, a pesquisa promovida pelo CondoConta está alinhada com o monitoramento realizado pela plataforma, que inclusive apontou diferenças importantes no perfil dos gestores ao longo dos últimos 10 anos. Hoje, segundo o levantamento, as principais razões para assumir um novo cargo são a valorização do patrimônio, o que inclui o corte e otimização de custos no condomínio, e a insatisfação com a gestão anterior.
Aumento da presença feminina no segmento – Embora a presença masculina entre os síndicos e gestores ainda seja maioria, houve um aumento significativo no número de mulheres que assumiram posições de liderança na gestão condominial. “Vemos uma mudança grande e que está acontecendo em todas as áreas desse segmento. As mulheres são síndicas muito detalhistas, têm resistência física e psicológica, além de facilidade para a gestão de tempo”, afirmou Taula Armentano, advogada e síndica profissional no painel que discutiu a presença de mulheres no setor.
A evolução da liderança feminina em cargos de liderança ainda enfrenta desafios conhecidos por elas em todos os ambientes, como o machismo e o preconceito, afirma Jacqueline Jeronimo, gestora condominial que atuou como gerente do Condomínio Baía Sul Medical Center, em Florianópolis (SC) por 18 anos. “Já senti dificuldade para ser síndica em um local específico, mas criamos experiência depois de anos no dia a dia dos condomínios. Em 2019, ela fundou o projeto Confraria das Síndicas, iniciativa que realiza workshops voltados para a qualificação profissional. “Quando criamos a confraria, ficamos fortalecidas, apesar da desconfiança”, diz ela.
Para a advogada Társia Quilião, especialista em compliance e criadora do blog InfoSindico, as mulheres têm alto nível de capacitação e estudo, mas ainda precisam fortalecer soft skills como coragem e ousadia para terem posicionamentos firmes em ambientes predominantemente masculinos. Társia defende também que as mulheres façam a gestão de suas receitas, não importa o quanto recebam. “Você só consegue se empoderar quando tem as rédeas de sua vida”, afirmou.
A promoção de discussões, palestras, eventos e disseminação de conhecimento é o caminho apontado por Edilma Oliveira, síndica e administradora do perfil Síndicas Sergipe Brasil, para aumentar a representatividade feminina no segmento. “Existe muito conteúdo para que as mulheres fiquem realmente por dentro do que acontece na área condominial”, conclui.
Website: https://condoconta.com.br/