Crise é oportunidade para transporte e logística, diz economista

139

5/4/2022 – A logística pós-pandemia não pode parar e as empresas precisam apostar em soluções que facilitem suas operações

O setor apresentou queda no primeiro ano de pandemia e alcançou leve recuperação em 2021; para especialista, empresas devem apostar em melhorias para vencer novas crises

O planeta que conhecíamos mudou tão logo o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou, no dia 11 de março de 2020, em Genebra, na Suíça, que a Covid-19 era uma pandemia. A afirmação é feira pelo economista Felício Vallarelli, especialista em desenvolvimento empresarial. Ele destaca que os reflexos na economia dos países foram imediatos e impactaram toda a cadeia produtiva – inclusive, o setor de transporte de cargas e logística.

De fato, as empresas de transporte apresentaram uma baixa no primeiro ano de pandemia, conforme dados da sexta rodada da “Pesquisa de Impacto no Transporte – Covid-19”, realizada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) no primeiro trimestre de 2021. 

De acordo com o balanço, 97% dos participantes afirmaram que enfrentavam prejuízos em seus negócios por conta da crise sanitária. À época, 53,4% dos entrevistados disseram que não tinham qualquer previsão para o fim dos prejuízos, e apenas 1,2% afirmou que os danos causados pela pandemia tinham acabado ainda em 2020.

Já  no 3º trimestre de 2021, o setor de transporte brasileiro teve crescimento de 1,2% em relação ao semestre anterior, segundo indicativos divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e pelo  Radar CNT do Transporte, concernentes ao PIB (Produto Interno Bruto). Em relação ao mesmo período de 2020, a alta foi de 13,1%. 

“Como é sabido, todos os setores enfrentaram um desafio sem tamanho enquanto o vírus se espalhava pelo globo. Com a logística e transportes não foi diferente. Essa área foi diretamente impactada, entretanto teve que se recuperar rapidamente. Afinal, os transportes representam uma atividade essencial para a sociedade toda”, afirma.

Guerra na Europa é novo desafio para o setor

Para Valarelli, imersos em um cenário pós-pandêmico marcado pela guerra na Ucrânia, as indústrias e transportadoras têm que se reinventar para não serem abaladas pelas crises atuais. Com isso, novos processos de prevenção e cuidados foram implementados dentro da atividade de transporte, tanto no despache quanto na entrega.

”As estruturas que possibilitam o transporte estão sendo repensadas para atender às demandas e prioridades de uma sociedade acometida por um vírus desconhecido e por uma guerra ‘sem eira, nem beira’”, analisa. “Uma coisa é certa: a logística pós-pandemia não pode parar e as empresas precisam apostar em soluções que facilitem suas operações. É necessário colocar a saúde dos clientes e colaboradores em primeiro lugar, seguidas de perto pela qualidade e segurança”.

Sendo assim, prossegue, para contornar a pós-crise de Covid-19 e a guerra na Ucrânia sem perder espaço no mercado, bem como continuar a prover e movimentar recursos, a logística precisa se adaptar às necessidades que acompanham a situação. “O cenário é complexo e novo, as soluções ainda estão aparecendo e a expectativa é uma melhora e volta do crescimento nos próximos meses, mas tudo sugere que muitas coisas vão mudar”.

Crise pode gerar oportunidades 

De acordo o especialista, diversos segmentos do mercado podem aproveitar momentos de crise como um catalisador de boas oportunidades de negócio. Para tanto, é preciso entender a sua dimensão e, principalmente, os motivos que levaram o país a entrar nessa situação.

“Apesar de a crise causar certo pânico entre consumidores e empresários, e de ter suas consequências reconhecidamente negativas, ela também gera oportunidades para quem está devidamente preparado para aproveitá-la. Nesse sentido, a crise é um ótimo momento para duas ações igualmente relevantes: ajustar e inovar”, articula.

Nesse contexto, para Valarelli, é importante fazer uma avaliação do que não estava em seu negócio mesmo antes da crise. 

“Alguns empreendimentos têm problemas com custos muito elevados, com desperdício de matérias-primas ou com clientes inadimplentes. Seja qual for o seu ‘script’, o ideal é que você ‘tome as rédeas’ dele para conseguir contornar os problemas”, explica. “Converse com os diferentes setores do seu negócio, conheça as dificuldades de cada um e, sobretudo, busque a raiz de cada problema. Corrigir somente os efeitos, em vez de trabalhar nas causas, é contraproducente e não tratará os benefícios esperados para o seu negócio”.

Perspectivas para o futuro

Na análise do especialista em economia e desenvolvimento empresarial, o consumo on-line vai aumentar dia após dia, motivo pelo qual as empresas devem se preparar. “Essa visão precisa estar inserida em todos os níveis de planejamento dos segmentos empresariais, desde a previsão de demanda, compras, estoque, até o marketing e transporte”.

Apesar da ascensão do consumo digital, assinala Valarelli, os canais off-line não devem ser deixados de lado. “Mesmo com o crescimento do consumo on-line e com a maior aceitação dos clientes, não podemos deixar de considerar que 73% dos consumidores não acreditam que os serviços virtuais vão substituir os espaços físicos de lojas e restaurantes, por exemplo”, afirma, em referência a dados de um estudo da EY-Parthenon, consultoria de estratégia global da Ernst & Young, divulgado pela Exame. 

“Inclusive, o pós-pandemia deve estimular as compras em ambientes físicos, pelo menos num primeiro momento. Se deixarmos estes canais de lado, podemos perder uma demanda que está muito latente ainda”, conclui.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.