Mulheres no transporte de cargas: como elas estão revolucionando?

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9/9/2021 –

Executivas do setor debatem iniciativas e realizações que têm impulsionado as empresas em que atuam

O segmento de transporte de cargas tem sido ocupado nas últimas décadas, majoritariamente, por personalidades masculinas. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) contabilizou quase 2,3 milhões de trabalhadores no setor em âmbito nacional. No entanto, apenas 17% são mulheres. Em contrapartida, a presença feminina tem sido ampliada nos cargos de liderança de forma geral. A pesquisa mais recente realizada pelo International Business Report da Grant Thornton apontou que 34% dos cargos de diretoria executiva são ocupados por pessoas do sexo feminino no Brasil, 5% acima da média global.

É importante destacar as inovações e melhorias que líderes femininas têm proporcionado às organizações. De acordo com o McKinsey Study, organizações que possuem mais mulheres na liderança obtêm um resultado operacional 48% maior em relação à média da indústria e um crescimento no faturamento de 70%.

Na última quarta-feira (01), executivas do segmento de transporte de cargas compartilharam algumas de suas realizações em suas trajetórias profissionais durante a segunda edição do IT Talks Conference 2021. O evento foi realizado de forma totalmente on-line e gratuita, com duas horas de duração.

Ana Jarrouge, presidente executiva do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de São Paulo e Região (SETCESP), atua no setor há mais de 20 anos e percebe a predominância masculina, principalmente nas entidades de classe. Visando uma maior inserção feminina no transporte de cargas, Jarrouge criou o movimento Vez & Voz – Mulheres no TRC em parceria com o SETCESP. “O intuito do movimento é apoiar e incentivar todas as mulheres, não só aquelas que já estão dentro do setor. Queremos mostrar que o segmento está aberto para a diversidade e para inclusão e, com isso, atrair mais mulheres”, explica.

Crescendo dentro do transporte rodoviário de cargas (TRC), Gislaine Zorzin, diretora administrativa e de novos negócios da Zorzin Logística, conta que atualmente 90% das posições estratégicas da transportadora são ocupadas por mulheres. “A criação que meu irmão e eu recebemos do meu pai sempre foi igualitária e sem distinção de gêneros, de modo que levamos esse comportamento para a empresa. Colocamos as pessoas nas posições de acordo com suas competências, e por acaso hoje o nosso quadro tem uma maioria feminina”, aponta Zorzin.

Quando a atual diretora da Ouro Negro Transportes, Priscila Zanette, assumiu a liderança, havia apenas 5 mulheres na companhia. Hoje, a empresária relata que 30% do quadro de funcionários é composto por mulheres. Além de trazer mais personalidades femininas para a transportadora, a gestão de Zanette tem priorizado uma profissionalização maior dos processos. “Depois que eu assumi a empresa e minhas irmãs vieram trabalhar conosco, tivemos uma gestão mais profissionalizada por meio de números e reuniões de resultado. Além do mais, acredito que, por nós mulheres sermos mais detalhistas, no momento da tomada de decisão conseguimos observar diversos pontos e ter uma assertividade maior”, afirma.

A paixão pelo transporte de cargas foi descoberta por Thaís Bandeira há 14 anos, quando iniciou sua carreira no segmento e decidiu que seria uma grande executiva da área. Hoje, enquanto sócia-proprietária da Kodex Express, busca se manter atualizada e tornar a transportadora cada vez mais tecnológica. “O nosso objetivo é trazer tecnologias que deem a conveniência do multicanal. A inteligência artificial vem para dar uma celeridade e também proporcionar mais conforto aos clientes”, conta.

Trazendo uma bagagem anterior do segmento industrial, Rafaela Cozar, head de gestão e inovação na Roda Brasil Logística, destaca a importância em saber ouvir e aprender antes de iniciar qualquer projeto de inovação. “Não adianta olharmos apenas por um lado: precisamos da pluralidade. Quando eu desconstruí todos os meus conceitos, como se não soubesse de nada, e fui para o pátio entender de fato o que era um caminhão, eu pude agregar a minha experiência anterior ao setor”, explica Cozar.

Além de participar da mediação do debate durante o segundo bloco, Joyce Bessa, head de gestão estratégica, finanças e pessoas na TransJordano, compartilhou alguns de seus maiores aprendizados. “Buscando o autoconhecimento, entendi que eu posso fazer mais e realizar mais transformações, mas para isso tive que me conhecer mais e estar disposta a transformar para fazer novas coisas e obter resultados diferentes”, aponta Bessa.

Além de ser a incentivadora do evento, a Mercedes-Benz contribuiu com a presença da Ebru Semizer, gerente sênior de marketing de caminhões da Mercedes-Benz. “É importante lembrarmos sempre que diversidade só traz benefícios, já que trabalhamos a empatia e estamos em contato com diferentes perspectivas. A nossa empresa tem o compromisso de ouvir cada voz das estradas e isso também inclui a voz feminina”, afirma Semizer.

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