Banco Central prevê estouro da inflação e aponta riscos fiscais e cambiais

Banco Central ajusta previsões de inflação e destaca desafios fiscais e cambiais como obstáculos para o cumprimento da meta em 2025.
Banco Central prevê estouro da inflação e aponta riscos fiscais e cambiais

O Banco Central (BC) prevê um novo estouro da meta de inflação já em junho de 2025, conforme a ata divulgada nesta terça-feira (4). A análise foi feita com base no modelo de alvo contínuo, que entrou em vigor no início deste ano. O documento ainda destaca a situação fiscal e o câmbio como fatores de risco para o controle da inflação.

No sistema de avaliação contínua, o BC trabalha para atingir a meta sem se restringir ao ciclo anual (de janeiro a dezembro). Atualmente, as metas são analisadas com foco no terceiro trimestre de 2026.

A meta central de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Ou seja, a meta é cumprida quando a inflação fica entre 1,5% e 4,5%.

Se as projeções do cenário de referência se confirmarem, a inflação acumulada em 12 meses ficará acima do limite superior da meta por seis meses consecutivos. Nesse caso, a inflação de junho configuraria um descumprimento da meta, de acordo com o novo modelo do regime de metas.

O Copom elevou a projeção de inflação para 2025 de 4,5% para 5,2%, ultrapassando o teto da meta. Para o terceiro trimestre de 2026, a estimativa é de 4%.

No novo modelo, a meta é considerada descumprida se a inflação permanecer fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos. Isso já aconteceu em 2024, quando o governo anterior enfrentou dificuldades para cumprir a meta. O novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, explicou que o estouro se deveu à força da economia, ao câmbio depreciado e a fatores climáticos.

Na ata, o Copom também reforçou a necessidade de políticas fiscal e monetária alinhadas. O discurso foi semelhante ao do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que enfatizou a importância da disciplina fiscal. O BC destacou que a falta de reformas estruturais e o aumento do crédito direcionado podem elevar a taxa de juros neutra, prejudicando a política monetária e dificultando a desinflação.

Em sua última reunião, o Copom aumentou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, elevando-a de 12,25% para 13,25% ao ano. O comitê sinalizou que poderá aumentar os juros novamente em março, mas não se comprometeu com ajustes adicionais para maio.

Esta foi a primeira reunião do Copom após a posse de Gabriel Galípolo como presidente do BC, em 1º de janeiro. Galípolo é um nome próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que afirmou confiar na habilidade de Galípolo para criar as condições necessárias para reduzir a taxa de juros quando a política permitir.

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