Na segunda-feira (14), o Grupo Bandeirantes de Comunicação promoveu um debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, com a participação do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Transmitido em múltiplas plataformas, o evento abordou temas como saúde, segurança, ideologias dos candidatos e os procedimentos da Enel após a tempestade de sexta-feira (11), que deixou milhares sem energia.
Abordagem dos candidatos
Guilherme Boulos adotou um tom questionador durante o debate, fazendo perguntas incisivas a Ricardo Nunes. Ele questionou a indicação de um ex-cunhado do traficante Marcola para uma secretaria, o papel da prefeitura na zeladoria da cidade — que, segundo Boulos, poderia ter evitado a tragédia provocada pelos fortes ventos — e a ligação do atual prefeito com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ricardo Nunes evitou o contato visual e ponderou suas respostas. Ao ser questionado pela nossa reportagem na entrada do evento, o candidato do MDB declarou que esperava um debate tranquilo: “Vai ser tranquilo. Vai ser bom”, afirmou rapidamente.
Enel
Na primeira parte do debate, o mediador, Eduardo Oinegue, perguntou sobre as medidas que a prefeitura deveria tomar para evitar que a falta de energia afetasse novamente a vida dos paulistanos. Boulos lembrou que muitas pessoas não podiam assistir ao debate por não terem luz em suas casas e responsabilizou a Enel e o prefeito. “Existem dois grandes responsáveis: a Enel, que presta um serviço péssimo, e o Ricardo Nunes, que não fez o básico”, enfatizou.
Nunes respondeu que se empenhou desde sexta-feira para atender as famílias afetadas e que tentou encerrar o contrato com a fornecedora. “Fui três vezes a Brasília para tentar a rescisão e me reuni com o ministro de Minas e Energia e o presidente do Tribunal de Contas da União, mas infelizmente nada foi feito”, disse o prefeito.
Aliados e ideologias
Ricardo Nunes também teve que comentar o apoio de Bolsonaro e a gestão da pandemia do ex-presidente. O candidato à reeleição afirmou que inaugurou hospitais e minimizou as ações do governo federal na época. “Na pandemia, muitas pessoas acertaram e erraram, mas quero lembrar que tínhamos 20 hospitais e, hoje, temos 30. Não faltou nada na cidade para ninguém”, afirmou.
Já Boulos teve que explicar seu voto na comissão de ética da Câmara, que evitou a cassação do deputado federal André Janones (AVANTE) em um caso de rachadinha. “Rachadinha, para mim, é crime, seja do Janones ou do Flávio Bolsonaro, que é seu amigo”, declarou.
Agenda pós-debate
Após o encontro promovido pela Band, os candidatos seguiram para compromissos pessoais e reuniões com suas equipes. Nesta terça-feira (15), Ricardo Nunes não tem agenda de campanha, conforme divulgado por sua assessoria. Guilherme Boulos concederá entrevistas à TV Brasil e à Globo e apresentará soluções para o meio ambiente em um hotel no centro.