O desempenho extraordinário do Bitcoin (BTC) em outubro, com uma alta de 29% no mês passado, turbinou também os retornos de fundos multimercados com posição na criptomoeda. Na contramão da média dos multimercados com estratégia de investimento no exterior, que registraram perdas de 0,66% em outubro, o Empiricus Criptomoedas avançou 22,13%.
O mês também foi de recuperação para alguns fundos que são o carro-chefe de casas como a Vista Capital e que estão atrás do CDI (taxa de referência para a classe e para a renda fixa) no acumulado do ano, caso do Vista Multiestratégia.
Pelo segundo mês consecutivo, o fundo obteve ganhos acima do CDI, no valor de 3,0% em setembro e de 3,8% em outubro, acima dos 0,97% e 1,00% do CDI, nessa ordem. O bom desempenho fez com que o produto voltasse a aparecer na lista de multimercados com melhor retorno compilada pelo InfoMoney com dados extraídos da plataforma TC/Economatica.
Para a pesquisa, foram considerados veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim do mês de outubro. Fundos de crédito ficaram de fora. Os dados foram extraídos no dia 8 de novembro.
Confira os fundos multimercados com melhor desempenho em outubro:
Fundos multimercados com melhor desempenho em outubro | Retorno em outubro (%) |
Empiricus Criptomoedas Fc FI Mult Ie | 22,13 |
Vista Multiestrategia Fc FI Mult | 3,82 |
Jpmorgan do Gl Macro Opp FI Mult Ie | 3,33 |
Pandhora Essencial FICFI Mult | 2,54 |
Systematica Blue Trend Adv Fc FI Mult Ie | 2,35 |
Fonte: TC/Economatica
Criptoativos: perspectiva positiva para Bitcoin, Chainlink e Solana
Embora o Bitcoin tenha registrado o segundo melhor mês do ano agora em outubro, a Empiricus Gestão vê motivos para acreditar na continuidade do movimento de valorização.
“Uma grande parcela da alta é o investimento institucional fazendo o movimento de diversificação de portfólio. Não achamos que estamos num bull market [mercado de alta] tradicional. Estamos descomprimindo os ativos para que eles voltem a fazer parte de uma diversificação de carteiras”, afirma João Piccioni, gestor de fundos da Empiricus Gestão.
Segundo o executivo, fundos de pensão americanos e nacionais têm apresentado um interesse maior sobre o ativo, além do que hedge funds, que se assemelham aos multimercados de gestão ativa no Brasil, estão montando operações com criptoativos.
O aumento do interesse está diretamente ligado à expectativa de que a SEC americana, que funciona como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil, aprove um ETF (fundo de índice) de Bitcoin à vista. O prazo deverá encerrar em janeiro de 2024.
Após anos de espera, Piccioni defende que vê mais chances agora de uma aprovação. “A visão é do próprio mundo institucional. É importante que o mercado se torne regulado. O mundo está levando as criptos para uma dinâmica de aceitação. É preciso ter uma conclusão para mitigar riscos”, pondera.
A alta do Bitcoin também tem impulsionado outros ativos da cadeia, o que poderia ajudar criptomoedas como Chainlink (LINK) e Solana (SOL). De olho no potencial de alta, a casa aumentou a posição em ambas na passagem de outubro para novembro.
A gestora defendeu que a Chainlink poderia ser beneficiada por atuar na intermediação do mundo de criptoativos com o mundo tradicional, ao facilitar o uso de smart contracts (contratos inteligentes) entre diferentes plataformas.
“O projeto é fundamental para a infraestrutura do mercado e os institucionais já demonstraram interesse e estão posicionados no ativo”, observou a Empiricus.
Já sobre a Solana, a casa afirmou que a plataforma concorrente do Ethereum (ETH) fez parcerias estratégicas com grandes empresas do mercado tradicional, como Visa e Shopify, o que foi visto como um sinal de há investidores interessados em alocar dinheiro no projeto.
Segundo a Empiricus, a plataforma tem mostrado cada vez mais o desejo de se tornar uma rede de referência para aplicativos e experiências on-chain. Analistas defendem que a plataforma seria mais barata e rápida para criar e usar jogos, protocolos de empréstimo e outros aplicativos que utilizam a tecnologia blockchain.
Vista Multiestratégia volta a aparecer em ranking
Outubro também foi um mês positivo para alguns multimercados que souberam aproveitar oportunidades.
A visão de que a matriz de energia poderia se tornar cada vez mais nuclear têm impulsionado as cotações de urânio, o que favoreceu a posição comprada (que se beneficia da alta) da Vista.
A alocação foi um dos destaques de outubro, juntamente com uma posição vendida (que se beneficia da queda) em índices europeus, e uma exposição comprada em dólar contra o euro, conforme explica em carta mensal.
Para os próximos meses, a Vista afirma que a principal aposta do portfólio estará na Europa, com posições vendidas em ações e na moeda.
Já sobre os Estados Unidos, a gestora informou ao InfoMoney que não tem uma visão definitiva sobre o momento de um eventual ciclo de afrouxamento monetário, mas alertou que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) poderá ter um espaço significativo de cortes, se a trajetória de piora do desemprego se provar mais clara ao longo de 2024.
“Com o rebalanceamento em curso do mercado de trabalho, o acúmulo de sinais de desinflação nos aluguéis e os efeitos defasados do aperto financeiro recente, nos perguntamos quais são os vetores inflacionários que justificariam uma maior preocupação por parte do FED em 2024”, alertou a casa.
Sem realizar grandes mudanças na carteira na passagem de outubro para novembro, a gestora disse que pretende manter uma posição comprada em ações brasileiras e que avalia a montagem de uma alocação aplicada (que se beneficia do recuo) em juros no Brasil.
“Os ruídos em torno da política fiscal contribuíram para o aumento recente dos prêmios implícitos nos ativos de renda fixa, o que enxergamos como uma oportunidade para montar posições aplicadas em juros”, destacou a Vista.