Hidrogênio verde deve ser encarado como recurso limitado e alocado para setores estratégicos

A produção de hidrogênio verde enfrenta desafios de custo, mas há um potencial significativo.

 

Com a produção de hidrogênio verde definida na COP 28 como uma das fontes de energia alternativas cruciais para cumprir as metas definidas, visando manter a temperatura global abaixo dos críticos 1,5°C, a eficiência energética em sua produção é primordial. Devem ser tomadas medidas decisivas para escalar a sua produção para a utilização nos setores mais críticos, sem colocar uma pressão incontrolável sobre a produção de energias renováveis ou os recursos financeiros.

A Danfoss, multinacional dinamarquesa e líder global nos setores de refrigeração, ar condicionado, climatização, automação industrial e hidráulica móbil para segmentos variados, recomenda uma abordagem diferenciada para o hidrogênio verde, visto que ele desempenhará um papel crucial na transição para longe dos combustíveis fósseis. No entanto, é necessário focar mais na maneira como utilizamos e produzimos hidrogênio verde da forma mais eficiente, reduzindo os custos e a procura por energias renováveis.

Crucialmente, a produção de hidrogênio deve ser reconhecida como um retagscurso limitado, que deve ser estrategicamente alocado para setores que de outra forma são desafiadores para descarbonizar, como a indústria pesada e o transporte de longa distância.  Essa abordagem diferenciada sobre a produção do hidrogênio verde resultou no artigo “Hidrogénio verde: um ato de equilíbrio crítico”, publicado pela Danfoss e pode ser acessado em: https://www.whyenergyefficiency.com/solutions/allsolutions/green-hydrogen-a-critical-balancing-act

 

Hidrogênio Verde no Brasil

O hidrogênio é uma promessa significativa nas estratégias climáticas de muitos países, com programas de financiamento substanciais em andamento globalmente. Não obstante, é necessária uma ação rápida. Para cumprir as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, a capacidade global de eletrólise deve chegar a mais de 550 GW até 2030. A produção de hidrogênio verde pode crescer maciçamente até 2030, mas os desafios de custo estão dificultando a implantação.

De fato, para superar os gargalos estruturais e destravar a produção de hidrogênio verde no Brasil, será necessária uma colaboração estreita entre o setor público e privado. Para João Pratas, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Danfoss Power Eletronics & Drives  no Brasil, os governos estaduais e federal precisam trabalhar em mecanismos de financiamento que permitam criar a infraestrutura básica para suportar a produção. “Existe uma meta clara a ser cumprida para garantir o futuro das próximas gerações, e esse objetivo só será alcançado se houver uma sinergia clara entre os diferentes poderes. A cooperação entre esses setores é fundamental para superar os desafios logísticos e financeiros, viabilizando a expansão da produção de hidrogênio verde no Brasil. Investimentos em infraestrutura de transporte e armazenamento são essenciais, assim como o desenvolvimento de um ambiente regulatório favorável. Além disso, é importante promover a cooperação entre setores público e privado para financiar e implementar projetos de grande escala”, avalia o executivo.

O Brasil conta com pelo menos 66 projetos de hidrogênio de baixa ou zero emissão de carbono, que somam investimentos de R$ 188,7 bilhões, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Uma parte significativa desse investimento será alocada para “hubs” de produção de hidrogênio. “Os hubs de desenvolvimento são essenciais para concentrar recursos, atrair investimentos e promover inovações tecnológicas. Estes hubs podem servir como centros de excelência, facilitando a troca de conhecimento e a cooperação entre empresas e instituições de pesquisa“, afirma Pratas.

Caso o Brasil destrave os impasses estruturais e avance na produção de hidrogênio verde, é possível que o país seja um polo exportador. A pesquisa Green Hydrogen Opportunity in Brazil mostrou que o país poderá faturar R$ 150 bilhões por ano com o mercado de hidrogênio até 2050, sendo que R$ 100 bilhões seriam provenientes das exportações da commodity. “A exportação de hidrogênio verde representa uma oportunidade significativa para o Brasil, aproveitando suas características naturais que o posicionam como um dos principais hubs produtores de hidrogênio verde para consumo próprio e, principalmente, para exportação. O Brasil se destaca não apenas pela sua capacidade de produção, mas também por ser um país sem conflitos geopolíticos, o que o torna um destino potencial para investimentos estrangeiros sem a preocupação acrescida de conflitos internacionais”, finaliza o executivo.

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