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Livro analisa a origem da Mídia Ninja a partir do olhar dos jornalistas da imprensa tradicional

As novas narrativas midiáticas independentes e a história da tecnologia e da comunicação são apresentadas na obra de Marcello Riella Benites

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No mês em que as Jornadas de Junho de 2013 completam 8 anos, o livro “A origem da Mídia Ninja no discurso dos jornalistas”, de Marcello Riella Benites, conduz o leitor de volta às manifestações iniciadas após uma convocação pelas redes sociais. Na publicação, Benites não se detém nos protestos de ruas que nasceram contra o aumento das tarifas dos transportes públicos e ganharam novas pautas e desdobramentos. O autor analisa um outro fenômeno: o fortalecimento das narrativas midiáticas independentes a partir das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs).

Formado pela Escola de Comunicação da UFRJ e com quase 30 anos de experiência como jornalista, Benites teve coragem de olhar a própria profissão de forma crítica. Ao mesmo tempo que mostra a identidade frágil da categoria, comprova que é possível reinventar o jornalismo, conciliando antigos e novos tipos de narrativas. O livro, no entanto, não é apenas para iniciados no tema e tem um texto atraente e acessível a todos.

“Este livro não só lança luz sobre questões em torno da crise de identidade do jornalismo profissional, mas também dá pistas para entendermos o atual momento, em que atores do universo digital como a Mídia Ninja e outros coletivos afinados com um ideário de esquerda têm que disputar narrativas com grupos situados no outro extremo do espectro político, os quais também são descendentes diretos das Jornadas de Junho de 2013”, explica o jornalista e professor da UFRJ, Marcelo Kischinhevsky, na apresentação do título.

O autor parte de um questionamento: como os jornalistas formados e atuantes nos veículos tradicionais receberam, em 2013, a grande novidade das narrativas independentes, em especial da Mídia Ninja? A partir de artigos publicados no site Observatório da Imprensa, pioneiro na crítica da mídia no país e naquele período ainda liderado por Alberto Dines (1932-2018), analisa o discurso desses profissionais sobre os “Ninjas”.

Como lembra o jornalista em seu livro, portando celulares conectados à internet, os jovens integrantes do grupo eram muitas vezes os únicos a conseguir registrar ao vivo as Jornadas de Junho de 2013. Os veículos tradicionais com frequência viam os manifestantes como desordeiros, sendo algumas vezes até hostilizados nos protestos.

Mestre e doutorando em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), Marcello Riella Benites usa a Análise de Discurso (AD) de origem francesa para mostrar como os jornalistas receberam as novidades trazidas pela Mídia Ninja.
O autor Marcello Riella Benites | Foto: Divulgação

Mestre e doutorando em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), Marcello Riella Benites usa a Análise de Discurso (AD) de origem francesa para mostrar como os jornalistas receberam as novidades trazidas pela Mídia Ninja. E faz isso de forma didática, possibilitando que todos possam entender o assunto. O livro, aliás, oferece um primeiro aceno introdutório à AD.

O autor ainda percorre a trajetória da tecnologia e da comunicação desde os mitos e da filosofia grega até a revolução da internet, passando pelos episódios fundamentais da cultura, como o Iluminismo. Além disso, apresenta um breve estudo histórico sobre o jornalismo brasileiro que estimula os profissionais a aprofundarem ainda mais esse tema.

A sinopse na quarta capa define bem os seus objetivos ao afirmar que “há (e muita!) esperança no resgate de ideais e na sinergia entre jornalismo e narrativas midiáticas via NTICs. Este é um livro para animar os jornalistas a continuarem sua luta e um convite aos demais leitores a valorizarem essa profissão fundamental para a democracia”.

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