Movimentação de R$ 166 bilhões e a geração direta e indireta de 2 milhões de postos de trabalho, só em 2022. Apesar desses números expressivos divulgados pela Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), esse importante setor da economia não tem uma devida regulamentação. Apesar de parecer um contrassenso, um segmento que atualmente opera livre de regras e que esteja em busca de legislação própria, a criação de um marco regulatório tem três principais objetivos: resolver problemas comuns à atividade, melhorar o ambiente de negócios e garantir segurança jurídica aos envolvidos.
Esse cenário pode começar a mudar profundamente com a aprovação do Projeto de Lei 3757/2020, que tramita no Congresso Nacional e pela primeira vez traz um marco regulatório para os Operadores Logísticos. A proposta, se virar lei, pode beneficiar especialmente municípios como Aparecida de Goiânia, que por sua localização no centro do país e por ser contada por importantes rodovias, como a BR-153, vem se consolidando nos últimos anos como um hub logístico e de distribuição para todo o país. A cidade atualmente é alvo de grandes investimentos privados, que irão incrementar ainda mais esse potencial econômico, como a construção do Antares Polo Aeronáutico, um empreendimento, que além de abrigar um moderno aeroporto executivo, irá oferecer áreas comerciais para instalação de indústrias, empresas de logística, galpões para manutenção aeronáutica, centros de distribuição e outros negócios.
Capitaneado pelas empresas goianas Tropical Urbanismo, Innovar Construtora, CMC Engenharia, BCI Empreendimentos e Participações e a RC Bastos Participações, o Antares receberá investimentos da ordem de R$ 100 milhõe, só em sua primeira fase, que está prevista para ser entregue no fim de 2024, com terminal de passageiros e pista de pouso e decolagens prontos para funcionar. “Apesar de muitas vezes exercer atividades que, aparentemente, são invisíveis aos olhos do consumidor, as operações logísticas têm um papel imprescindível na cadeia produtiva de todos os setores e no abastecimento do país”, lembra Rodrigo Neiva, diretor comercial do Antares, ao destacar a regulamentação da atividade como essencial para alavancar projetos e captar mais investimentos.
E-commerce e a logística
Com o boom do E-commerce, especialmente nos últimos três anos, Neiva chama atenção para a importância da logística pelo modal aéreo, na consolidação dessa nova forma de consumo vigente no mundo. “O transporte por via aérea apresenta grande diferenciação na agilidade e segurança de entrega. Aliado a isso, não é novidade que os consumidores buscam hoje fretes cada vez mais rápidos, dentro dos conceitos ‘Same day Delivery‘ e ‘frete expresso’. Neste sentido, empresas que são referências no mercado, tanto nacional como internacional, têm buscado uma diferenciação na velocidade do frete”, argumenta Rodrigo Neiva.
Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) revelam que em 2022 o Brasil obteve seu recorde histórico de volume na movimentação de carga aérea, atingindo 1.421 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 12% em relação a 2012, até então o ano que registrou maior movimentação. “Num país de proporções continentais como o Brasil, manter esse novos hábitos de consumo, só com infraestruturas de logística modernas e uma rede de transporte eficiente, com interligação de todos modais, especialmente o aéreo”, afirma o empresário.
Hub logístico
Rodrigo Neiva lembra que Goiás, por sua localização geográfica no centro do país, pode se tornar num hub de logística com alcance para todo o Brasil e América Latina. “Além dessa característica natural, o estado também é forte em um segmento que depende muito de operações logísticas rápidas e eficientes, a indústria farmacêutica.
De acordo com os dados do Fórum Expectativas 2023 do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), o mercado de produtos farmacêuticos deve crescer por volta de 10% em 2023. Além disso, a indústria farmacêutica brasileira está entre as dez maiores do mundo, com 90% da matéria prima importada, o que exige uma logística bem planejada, que atenda as regras mundiais de fabricação, armazenagem, transporte e distribuição. Neste panorama, como bem lembra Rodrigo Neiva, a logística e transporte de medicamentos requer condições adequadas para garantir que o produto tenha sua integridade preservada, seguindo todas as legislações impostas pela Anvisa.