José Maurício Caldeira, sócio-acionista do Grupo Asperbras, acredita que a aceleração da vacinação e a reabertura das atividades impulsionarão a economia neste segundo semestre. “São fatores positivos que dão um novo horizonte após um ano e meio de pandemia”, diz ele. A visão de José Maurício Caldeira encontra eco entre os empresários. Pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com 365 empresas paulistas mostra que, no total, 61,1% estão otimistas para o 2º semestre de 2021, dos quais 5,2% estão muito otimistas.
O otimismo também se expressa na perspectiva para o fechamento das vendas do ano: 77,5% avaliam que será melhor que o ano passado, porcentagem que é a maior da série histórica desde o início da medição, em 2010. A pesquisa ainda traz outros indicadores positivos para o segundo semestre. As empresas ouvidas têm grande confiança no aumento do Volume de Produção (53,4%) e nas Vendas no Mercado Interno (55,6%). Quanto a novas contratações no período, 58,4% disseram que não pretendem aumentar o quadro de funcionários enquanto 41,6% têm esta intenção.
O primeiro semestre de 2021 também foi avaliado no levantamento. No comparativo com o mesmo período de 2020, o saldo foi positivo para os industriais, pondera José Maurício Caldeira. Dos empresários ouvidos, 68,5% afirmaram que este ano foi melhor; 17,8% disseram que foi igual; e 13,7%, que foi pior. Com relação às Vendas, a pesquisa mostra que 47% das empresas registraram aumento na produção; 46,9% apresentaram alta nas vendas para o mercado interno; e 42,6% relataram crescimento nas exportações.
As exportações, inclusive, têm desempenhado papel importante na retomada econômica, segundo dados de outra pesquisa, esta da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Com a economia mundial mais aquecida, as exportações brasileiras responderam positivamente no primeiro semestre de 2021. No período, a corrente de comércio do Brasil com o mundo foi de US$ 236,1 bilhões. Desse total, 65% são de exportações para cinco grandes parceiros comerciais: China, União Europeia, Estados Unidos, Mercosul e Japão.
No total, eles somaram US$ 88,4 bilhões de exportações no primeiro semestre. O maior volume foi para a China, com US$ 47,2 bilhões, uma alta de 39% na comparação com o primeiro semestre do ano passado. Em seguida vem a União Europeia, com US$ 17,8 bilhões (+26%); seguida por Estados Unidos, com US$ 13,3 bilhões (+10%); Mercosul, com US$ 7,9 bilhões (+46%); e Japão, com US$ 2,2 bilhões (+22%).
Com a vacinação acelerada e reabertura econômica, a projeção para o fechamento do PIB de 2021 segue acima de 5%, o que recupera as perdas do ano passado, quando o indicador fechou em -4,1%. A expectativa do mercado é que o desempenho da indústria, seja melhor ainda, com crescimento em torno de 6,4%. “Nossa perspectiva é positiva”, diz José Maurício Caldeira. Alguns segmentos, como agronegócio e construção civil, têm puxado a retomada.
Porém, há alguns pontos de atenção que podem impactar negativamente a economia. A inflação é um deles. A projeção do mercado financeiro para o IPCA em 2021 alcançou 7,11%, sendo que o centro da meta é 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Inflação alta corrói o poder de compra das famílias. O Banco Central vem subindo os juros para conter a escalada de preços já mirando em 2022. Atualmente, a Selic está em 5,25% e deve continuar subindo.
Outro ponto sensível é a situação energética. Pesquisa realizada pela CNI com 572 empresários indica que 90% deles estão preocupados com a crise hídrica. Segundo o levantamento, o maior temor dos industriais é o aumento do custo da energia – 83% dizem que esta é a principal preocupação. Outros 63% se dizem preocupados com o risco de racionamento e 61% com a possibilidade de instabilidade ou de interrupções no fornecimento de energia.
Os empresários planejam algumas ações para mitigar o impacto nos negócios. As principais medidas são a intensificação de investimentos em ações de eficiência energética (34%) e em autogeração/ geração distribuída de energia (26%). Entre os industriais consultados, 22% afirmam que pretendem mudar o horário de funcionamento de suas empresas para reduzir o consumo de energia em horário de pico em resposta à crise hídrica. No entanto, para quase dois terços das empresas, implementar essa alteração de horário é difícil ou muito difícil. “Temos desafios importantes pela frente, mas acredito que temos plenas condições de superá-los”, diz José Maurício Caldeira.