Produção brasileira de cloro cresce 2,7% no primeiro semestre de 2023, aponta Abiclor

A taxa de utilização da capacidade instalada no entanto se mantém em níveis baixos

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De janeiro a junho deste ano, a produção brasileira de cloro, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), que representa 98% das indústrias brasileiras do setor, foi de 535,3 mil toneladas, o que expressa um aumento de 2,7% frente ao apurado no mesmo período em 2022. Já o consumo cativo de cloro (quando o cloro é utilizado internamente para a produção de outros químicos) foi maior em 1,9% em relação ao período de janeiro a junho de 2022, com destaque para a produção de dicloreatano (DCE), ácido clorídrico e hipoclorito de sódio.

A capacidade instalada de produção de cloro no Brasil é 1,5 milhão de toneladas/ano, que corresponde a 2% da capacidade mundial. Porém, a taxa de utilização se manteve em níveis próximos a 75%.

Dessa forma, a produção de soda cáustica, que é realizada simultaneamente com o cloro, foi de 588 mil toneladas. Mas, em contrapartida, as vendas internas de soda cáustica foram 1,5% menores frente ao apurado no mesmo período de 2022 para setores como papel celulose, petroquímica e tratamento de água. O uso cativo de soda cáustica também foi abaixo do necessário, ficando em -5,6%.

 

O setor de cloro-álcalis

De acordo com a Rota Estratégica da Indústria de Cloro-Álcalis, lançada pela Abiclor em agosto, a cadeia de cloro-álcalis representa 1,1% do valor adicionado do PIB nacional. De 2017 a 2021, este setor recebeu R$ 3 bi de investimento privado das empresas produtoras e a expectativa é que o montante recebido de 2022 a 2025 seja um investimento total de R$ 5 bi.

Trata-se de um setor que gera impactos significativos em toda a indústria brasileira, afinal, os produtos cloro e soda são utilizados como insumos ou durante o processo produtivo de mais da metade dos produtos químicos disponíveis no mercado, além de serem indispensáveis para a fabricação de itens como medicamentos plásticos, espumas, pigmentos, remédios, defensivos agrícolas e muitos outros.

O setor de cloro-álcalis também produz elementos indispensáveis para saneamento básico de água e esgoto nas cidades e primordiais para as indústrias de celulose, alumínio e petróleo. A multiplicidade de áreas para as quais o setor fornece insumos evidencia que possui um alto poder de encadeamento: sua dinâmica está relacionada com o desempenho de toda a economia.

 

Expectativa de crescimento

Em comparação à indústria química em geral, os dados do primeiro semestre referentes ao setor de Álcalis, Cloro e Derivados são relativamente positivos. Segundo a Abiquim, no 1º semestre de 2023, o nível de utilização da capacidade instalada do setor como um todo foi de 67%, cinco pontos abaixo do registrado em igual período em 2022 (72%) e o menor nível em 16 anos.  Além disso, o índice total de produção ficou em -9,73% e o índice de vendas internas também foi negativo, com recuo de 11%, embora a demanda nacional tenha recuado apenas 4,6% no período.

“Embora os resultados do primeiro semestre de 2023 sejam favoráveis, o setor ainda precisa crescer 15% para retomar o potencial nacional de produção que tinha há 10 anos. O Brasil precisa resolver um tema fundamental para a sua competitividade, que são os custos de matérias primas, como o gás natural e a eletricidade. Além disso, temos questões de logística e infraestrutura, tributação, ambiente regulatório e segurança jurídica que dificultam o crescimento do setor. É necessário implementar ações para reverter esse quadro com alcance social do segmento, transição verde como ferramenta de competitividade e inserção no mercado internacional”, afirma Milton Rego, Presidente Executivo da Abiclor.

Do ponto de vista tecnológico, o Brasil segue o mesmo movimento mundial das plantas industriais de cloro-álcalis. Nos últimos 20 anos, praticamente todo o aumento de capacidade no mundo foi feito a partir da tecnologia de membrana. e o Brasil deverá passar por um período de investimentos da ordem de R$750 milhões para atualização de suas plantas, inclusive para cumprir as determinações da Convenção de Minamata, da qual o Brasil é signatário e que trata, entre outras coisas, da eliminação do mercúrio em processos industriais.

Além de estar alinhada ao Marco de Saneamento e à nova política industrial divulgada pelo governo no início de julho, a Rota Estratégica da Indústria de Cloro-Álcalis, busca identificar barreiras e fatores críticos de sucesso do setor e, assim, fomentar ações orientadas ao desenvolvimento da cadeia de cloro, álcalis e derivados. Se a implementação das ações da Rota Estratégica superar as atuais barreiras para o crescimento, a Abiclor estima que o investimento envolvido seja na faixa de 600 milhões de dólares. Com isso, o setor de cloro-álcalis conquistaria um aumento de 400 mil toneladas na produção de cloro, soda, hidrogênio e seus derivados.

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