O projeto pioneiro já está em funcionamento em diversas farmácias do Distrito Federal e do Entorno, e propõe-se tanto a facilitar como a reduzir o custo das contratações de um plano de saúde privado, por meio de uma simples, porém eficiente solução tecnológica, o QR Code.
O sistema simplifica a vida de quem precisa do serviço, mas não sabe como acessá-lo ou depende de terceiros. Para isso, os códigos são impressos em totens instalados nas unidades da rede de farmácias conveniadas. Assim, utilizando o telefone celular para efetuar a leitura do QR Code, qualquer pessoa pode acessar a ficha de cadastramento online, por meio da qual a contratação será efetivada. A partir do preenchimento do cadastro, uma equipe de atendimento telefônico passa a disponibilizar-se para finalizar o processo junto ao cliente e sanar quaisquer dúvidas. A auxiliar de serviços gerais, Graziele Cristina Soares de Souza, aderiu ao projeto e garante que foi imprescindível para ela. “Fiquei sabendo por uma amiga e a ideia me atraiu bastante. Já fazia um tempo que estava precisando de um plano de saúde para fazer exames diversos”, contou.
Com esse modelo de contratação rápida e autônoma, evita-se o pagamento de taxas de adesão, tradicionalmente cobradas por corretoras de convênios para a realização do serviço. Com isso, o acesso à saúde privada torna-se mais fácil e barato, o que implica um ganho significativo para a comunidade, principalmente, em um momento tão delicado como o da pandemia. Uma vez que os centros de saúde pública estão superlotados em todo o país, um plano particular passou a ser uma via alternativa a toda a população .
Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a entidade reguladora de planos de saúde do Brasil, o percentual da população coberta por um plano de saúde subiu de 22,3%, em dezembro de 2010, para 24,5%, em janeiro de 2021. Isto é, trata-se de um baixo aumento do acesso a esse tipo de serviço, somente de 2,2%, em aproximadamente 10 anos.
A projeção da CBenefícios, instituição pioneira na implantação deste projeto piloto, é a de que o número aumente.
Segundo Guilherme Braga, proprietário da empresa e idealizador do projeto, “nossa missão é dar maior acessibilidade à saúde privada, tanto em termos de comodidade — uma vez que possibilitamos a adesão, em pontos conhecidos e próximos às pessoas interessadas, como sua farmácia favorita, por exemplo — como em termos de custo, já que eliminamos o intermédio do corretor, acabando, consequentemente, com a taxa que seria cobrada por essa terceirização do serviço. Sabemos que nem todo mundo pode pagar por um plano de saúde, por isso nos interessa democratizar esse acesso”.
De acordo com a última edição, junho de 2019, do Caderno de Informação da Saúde Suplementar, publicado pela ANS, “expressiva parte dos beneficiários está concentrada em um número limitado de operadoras, embora o número de operadoras com beneficiários seja relativamente grande. No caso dos beneficiários de planos de assistência médica, (…) 80% concentram-se em planos associados a 137 das 740 operadoras com beneficiários”. Logo, desburocratizando o acesso à informação e facilitando a aquisição do serviço pelo próprio usuário, a tendência é a de que essa concentração seja diluída, posto que o cidadão poderá escolher com mais liberdade o plano do qual quer usufruir.
Com isso, o poder de decisão passa das mãos das corretoras para a população. Também poderão ser evitados golpes comuns, como contratos fantasma, menos benefícios menos interessantes que os publicitados. Todas essas informações passarão pelos olhos dos principais interessados, sem filtro, sem lobby e sem influência de terceiro na hora de escolher.
Até o momento, já são sete as farmácias no Distrito Federal, que disponibilizam os totens com os QR Codes — distribuídas por Taguatinga, Sobradinho, Colorado, Asa Norte e Vicente Pires. Em breve, o projeto será implementado em outras cidades. O próprio presidente do Sincofarma-DF, Francisco Messias — dono da primeira farmácia a conveniar-se com a rede e operar com a novidade — apoia a difusão do sistema e incentiva os donos de outros estabelecimentos, além dos participantes do sindicato, a adotarem essa tecnologia.
Os funcionários dos estabelecimentos foram treinados para atender e orientar os clientes interessados. Além disso, recebem comissões pelo serviço extra. Logo, trata-se de um benefício mútuo, que fortalece o comércio local e a comunidade ao seu redor.
Outra importante vantagem que o sistema pode trazer é o desafogo do SUS (Sistema Único de Saúde), que hoje conta com mais de 90% das UTIs ocupadas em 9 capitais, segundo levantamento realizado pela CNN Brasil. Isto é, em razão da indisponibilidade de atendimentos públicos em saúde, pela altíssima demanda que o COVID-19 vem gerando, é natural que a população busque outros caminhos para cuidar-se. É, portanto, uma via de escape fundamental para os pacientes e para o sistema público que essa migração para o sistema privado seja facilitada e barateada.