Reforma tributária precisa simplificar cobrança de impostos, diz José Maurício Caldeira, da Asperbras

Reforma tributária precisa simplificar cobrança de impostos, diz José Maurício Caldeira, da Asperbras

Impostos elevados inibem crescimento econômico. Reforma deverá começar com unificação do PIS e da Cofins

“Todos os que já viveram essa situação sabem que muitas vezes o feijão com arroz pode não ser um banquete, mas é a diferença entre o ideal e o possível. Queremos sempre a maior reforma possível. Mas a melhor nem sempre é a maior, sabemos. A melhor será sempre a possível.” Com essas palavras, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) deu a senha para o caminho que a reforma tributária deverá seguir: a reforma possível será apreciada em etapas, unificando inicialmente o PIS e a Cofins, dois tributos federais. As discussões estão avançando na Câmara e no Senado.

Para o setor produtivo, é uma reforma essencial. “Precisamos de uma reforma tributária que simplifique, desburocratize e dê racionalidade ao sistema”, defende José Maurício Caldeira, sócio-acionista do Grupo Asperbras. Caldeira vocaliza uma das maiores demandas dos empresários que veem entraves ao crescimento do país em função da altíssima carga tributária brasileira.

Atualmente, a carga total chega a 33% do Produto Interno Bruto (PIB) – em países em desenvolvimento este percentual fica entre 20% e 25% do PIB. A indústria de transformação é especialmente sacrificada. Neste segmento, que responde por 12% do PIB e arrecada 27% do bolo, a carga tributária alcança 45%.

A elevada tributação é um dos fatores que limitam o crescimento econômico do país, pois é o principal item a impactar o chamado Custo Brasil, avalia José Maurício Caldeira, que é a soma dos custos para se produzir no país que não existem em outros lugares do mundo. São eles: tributação excessiva, burocracia para se pagar impostos, elevadas taxas de juros, altos custos de matérias-primas, escassa e cara infraestrutura, entre outros pontos. Aqui, são tributados os investimentos, as exportações e convive-se com um emaranhado de normas inexistente em países que concorrem com o Brasil.

Além disso, o sistema tributário brasileiro é mais complexo. Segundo o Banco Mundial, no Brasil gasta-se em média 1.501 horas por ano só para pagar impostos. Em países da América Latina e do Caribe, o tempo cai 317 horas por ano e entre os membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE), são apenas 158,8 horas por ano.

Para José Maurício Caldeira, é necessário remover as distorções existentes. “Precisamos restabelecer a competitividade da economia brasileira”, diz ele. “Desta forma, iremos melhorar o ambiente de negócios e, consequentemente, promover o crescimento econômico e a geração de empregos”.

O relator da Comissão Mista da Reforma Tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), apresentou no início de maio seu relatório final. O texto é fruto da análise de duas Propostas de Emenda à Constituição (PECs) em tramitação no Congresso (a PEC 45/2019, e PEC 110/2020) e também do projeto de lei 3.887/2020.

O relatório enviado às comissões técnicas da Câmara dos Deputados e do Senado prevê a criação de um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), eliminando cinco tributos: PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS. Não seria uma substituição imediata, mas sim por etapas, em até seis anos, sendo que, nos dois primeiros anos, PIS e Cofins seriam unificados e o IBS criado.

Depois disso, porém, o governo e a cúpula do Congresso Nacional fecharam um acordo sobre o fatiamento da reforma tributária. Foi definido que os senadores ficarão responsáveis por analisar uma PEC que tratará da unificação do ICMS e ISS, num imposto sobre valor agregado (IVA), e o novo Refis. Já a Câmara dos Deputados irá analisar apenas a unificação do PIS e da Cofins numa única contribuição ou imposto, além de mudanças no Imposto de Renda e no IPI.

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