Os shoppings esperam uma queda de até 50% no fluxo médio de pessoas e nas vendas após a reabertura restrita anunciada pelo governador de São Paulo, João Doria, para acontecer a partir de 1º de junho.
A comparação é sobre o movimento de antes da pandemia pela Covid-19 e o fechamento do comércio.
Além das restrições impostas pelos protocolos de segurança e higiene, executivos do setor afirmam que a tendência é que a reabertura paulista siga o modelo já observado em alguns municípios do Sul, onde esse processo já começou.
“A expectativa é que haja uma redução de até 50% no fluxo que víamos pré-pandemia, muito também pela limitação de não permitir nada que gere aglomeração, como eventos, teatros ou cinemas. As pessoas também tendem a mostrar maior cautela e atenção em questão à saúde”, disse o vice-presidente da Multiplan, Vander Giordano.
Ações preventivas
Assim, a perspectiva é que além do uso de máscaras e da higienização mais frequente das mãos com álcool em gel, consumidores também reduzam o tempo de permanência em shoppings de uma média de 75 minutos para cerca de 25 minutos – situação que também já foi vista em outros estados.
Nas medidas anunciadas por Doria nesta quarta-feira (27), a diretriz inicial é que os estabelecimentos – incluindo os comércios de rua – trabalhem com horário reduzido de quatro horas e com um fluxo de 20% da capacidade original.
Segundo o presidente da Alshop (Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping), Nabil Sahyoun, ainda o retorno seja gradual e relativamente lento, a recuperação do faturamento dos lojistas tende a crescer de forma mais significativa em agosto.
“Tudo também vai depender muito do cenário macroeconômico, com os níveis de desemprego e renda. Mas o movimento tende a ficar mais interessante no Dia dos Pais e a expectativa é que esteja um pouco mais próximo da normalidade no Natal”, disse.
Micros, pequenos e médios
No entanto, a retomada lenta do movimento e do faturamento ainda deve pesar principalmente para os micro, pequenos e médios negócios, que já vinham de dois meses de fluxo de caixa comprometido pela quarentena.
Para o vice-presidente da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), Francisco De La Tôrre, o governo do estado precisaria oferecer um socorro de ao menos R$ 50 bilhões para que o setor conseguisse sobreviver à pandemia.
“Os protocolos precisam ser seguidos e a determinação de que seja uma retomada gradual, baseada na ciência e na medicina, é fundamental. Mas em termos econômicos e financeiros, os reflexos dessa reabertura ainda são muito pequenos e o governo do estado não tem apresentado um plano de ajuda para essas empresas”, afirma De La Tôrre.
No início da quarentena, o governo de São Paulo anunciou a injeção de R$ 650 milhões por meio do DesenvolveSP e do Banco do Povo.
“Essa quantia não é nem um dia de faturamento do comércio do estado. Seguimos firmes, cobrando que o governo apresente um plano de ajuda para os setores de comércio e serviço. Considerando os 66 dias praticamente parados e o faturamento diário de R$ 1 bilhão do setor, a conta é simples: para retratar qualquer acordo substancial, estamos falando de ao menos R$ 50 bilhões”, diz o vice-presidente da federação.
O último levantamento da federação aponta que considerando a queda de faturamento esperada para abril, maio e junho, cerca de 44 mil empresas fecharão as portas neste ano.
FONTE: Gaúcha ZH