Agora que Donald Trump foi eleito novamente, a economia global enfrenta uma série de mudanças significativas, com políticas que podem tanto impulsionar quanto prejudicar o crescimento mundial. Embora críticos apontem que sua abordagem caótica pode limitar suas ações, as rápidas nomeações para seu governo indicam que ele está focado em promover mudanças estruturais com um forte viés em negócios.
Os mercados financeiros estão, de maneira geral, otimistas com as expectativas de que, em seu segundo mandato, Trump trará uma agenda de desregulamentação e cortes de impostos. Trump nomeou figuras como Elon Musk e Vivek Ramaswamy para liderar o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), que tem como objetivo reduzir a burocracia do governo. Além disso, ele prometeu cortar US$ 2 trilhões do orçamento federal, uma proposta audaciosa, mas que pode ser viável se implementada com foco na liberalização econômica.
Apesar disso, a volta de Trump também traz preocupações. Suas propostas de deportação em massa e de tarifas comerciais agressivas, especialmente contra a China, representam riscos para a economia global. A deportação de milhões de imigrantes ilegais, por exemplo, pode ter um custo astronômico, além de gerar escassez de mão de obra e elevar os preços dos bens, especialmente no setor agrícola, que depende de trabalhadores imigrantes. Estima-se que o impacto dessa política sobre a economia dos Estados Unidos poderia ser negativo, com custos que podem alcançar centenas de bilhões de dólares.
A segunda questão central é que, embora as intenções de Trump sejam claras, a implementação de muitas de suas promessas será um processo complexo. A imposição de tarifas comerciais universais, por exemplo, exigiria aprovação do Congresso, o que pode ser desafiador, dado o apoio contínuo dos legisladores republicanos ao livre comércio. Além disso, os planos de Trump para deportar milhões de imigrantes enfrentam grandes desafios logísticos e podem se tornar difíceis de executar na prática, especialmente com a resistência de autoridades estaduais e locais.
Outro fator importante será o estilo de governo de Trump. Conhecido por sua impulsividade e por privilegiar aliados próximos, Trump pode focar suas energias no crescimento econômico, buscando ao mesmo tempo criar polêmicas com medidas mais radicais, como a deportação em massa. No entanto, é provável que ele limite os impactos reais dessas políticas mais drásticas, preferindo priorizar iniciativas que favoreçam o crescimento, como cortes de impostos e desregulamentação.
Os mercados financeiros, no entanto, parecem mais confiantes na capacidade de Trump de impulsionar a economia dos EUA com sua agenda de desregulamentação e redução de impostos. Investidores acreditam que as tarifas e a deportação terão um impacto limitado, enquanto a liberalização da economia e os cortes de impostos trarão crescimento e aumentos nos lucros corporativos. Essa visão otimista pode, no entanto, estar errada quando se olha para o cenário global.
Caso os Estados Unidos aumentem seus empréstimos e tarifas, o dólar tende a se fortalecer, o que reduziria o comércio internacional. Além disso, os países em desenvolvimento com grandes dívidas em dólar enfrentariam um fardo maior. Isso teria um impacto negativo no comércio global e poderia desacelerar o crescimento de muitas economias emergentes. Países como o México, que já enfrentam desafios devido à política de imigração de Trump, seriam duplamente afetados pela possível imposição de tarifas sobre suas exportações para os EUA.
A Europa também deve se preparar para o impacto das políticas de Trump, que tem uma relação tensa com os líderes da União Europeia. O presidente dos EUA considera que os países europeus devem arcar mais com a defesa e com o financiamento da OTAN, e seu descontentamento com o superávit comercial da UE em relação aos Estados Unidos pode resultar em ações mais punitivas, como tarifas adicionais. Isso pode afetar negativamente as economias europeias, que já enfrentam desafios internos como a falta de investimentos em tecnologia de ponta.
A China, por sua vez, se manterá como o principal alvo das políticas comerciais de Trump. A rivalidade entre as duas maiores economias do mundo será intensificada, com mais tarifas e possíveis sanções comerciais. Isso pode forçar as empresas a moverem suas cadeias de suprimentos para outros países, o que criaria disrupções nos mercados globais. Mesmo com alguns países podendo se beneficiar com a reconfiguração das cadeias produtivas, a separação das economias dos EUA e da China será um processo turbulento e de longo prazo.
O México, mais uma vez, se destacaria entre os países mais vulneráveis, devido tanto à política de imigração quanto à dependência das exportações para os EUA. Com a possibilidade de Trump aumentar tarifas sobre produtos mexicanos, o país enfrentaria sérias dificuldades econômicas, o que poderia resultar em uma desaceleração do crescimento da economia mexicana.
A União Europeia, por sua vez, tenta se proteger de um possível confronto comercial com os EUA. Embora tenha começado a aumentar os gastos com defesa, a Europa ainda está atrasada em termos de inovação tecnológica, como inteligência artificial, e em relação à modernização do seu mercado interno. Esses fatores deixam a região exposta a choques econômicos externos.
O impacto da guerra comercial entre os EUA e a China não se limitará apenas a essas duas potências. A desaceleração no comércio global e a imposição de tarifas podem gerar um efeito dominó em muitas economias. No entanto, os EUA têm um mercado interno grande o suficiente para se proteger contra alguns desses choques. Por outro lado, o que os outros países podem fazer é se tornar mais competitivos e menos dependentes de um comércio global turbulento.
Portanto, o retorno de Trump à Casa Branca provavelmente trará uma série de desafios e oportunidades para a economia global. Embora a desregulamentação e os cortes de impostos possam impulsionar o crescimento nos EUA, o aumento das tarifas e as políticas de imigração podem prejudicar o comércio internacional e as economias em desenvolvimento. O equilíbrio entre essas políticas e a capacidade de Trump de implementá-las com sucesso será o que determinará o impacto real de sua presidência no cenário econômico global.