Promissora no Brasil, energia solar permite zerar gastos com conta de luz

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9/3/2022 – O consumidor está cada vez mais interessado nos painéis solares fotovoltaicos. A barreira maior que encontramos ainda é o preço de instalação, que é elevado

Fontes renováveis de energia deverão ser cada vez mais adotadas devido aos compromissos climáticos assumidos pelo país; para especialista, energia solar é vantajosa financeiramente, mas ainda requer incentivos do governo

O clima ensolarado do Brasil não serve só para se bronzear na praia. Ele pode ajudar a salvar o mundo do aquecimento global e, de quebra, aliviar o bolso do brasileiro na hora de pagar a conta de luz. Para isso, basta um painel instalado em cima do telhado de cada casa que transforme o sol escaldante em energia elétrica.  

Quando o assunto é sustentabilidade, o potencial hídrico e agrícola brasileiro já coloca o país em posição privilegiada no uso de fontes renováveis de energia. Enquanto 86% da energia utilizada no mundo provém de fontes como carvão, petróleo e gás natural, no Brasil as fontes renováveis compõem quase a metade da matriz energética – cerca de 48%. Combustíveis produzidos com biomassa e usinas hidrelétricas ainda são as principais. Mas uma das que mais cresce é a energia solar. 

De acordo com a ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), a eletricidade produzida por placas fotovoltaicas a partir da incidência solar já alcança quase 3% do total de energia gerada no país. Isso se deve graças a um crescimento expressivo de centrais de energia solar e do emprego da tecnologia na construção civil. Nos últimos três anos, a produção por grandes usinas cresceu 200%, enquanto a geração residencial, também chamada de “distribuída”, passou de 2.000%. 

Quem olha para esses números pode não se lembrar do início prosaico dos painéis solares instalados nos telhados das casas. “As primeiras aplicações da energia solar na construção civil foram através de placas de aquecimento de água. O funcionamento era simples. A água passava por tubos dentro de placas que aqueciam a água pela incidência dos raios do sol”, recorda o engenheiro civil Tiago Kizellevicius. 

Mas se esquentar a água com o sol quente já era uma forma de economia, transformar os raios solares em energia elétrica virou um negócio simples e muito vantajoso. Os painéis modernos permitem o uso imediato de energia e possibilitam armazenar ou distribuir a energia gerada para outras pessoas através dos fios que passam pelos postes da rua. É como se os tetos das casas e prédios virassem uma pequena usina.

“Os painéis solares fotovoltaicos transformam raios solares em energia elétrica que pode ser usada em tempo real, no mesmo momento em que foi gerada. Ela pode ainda ser armazenada em baterias ou devolvida para a rede elétrica, em forma de crédito para utilização futura”, explica Tiago. 

Segundo o especialista, a energia excedente gerada em uma residência pode ser distribuída pela concessionária de energia para outros usuários. Em troca, quem gerou o excedente ganha créditos de energia para usar quando precisar. 

O crescimento dessa modalidade de consumo de energia pode ser observado no aumento de painéis espalhados pelo Brasil. De acordo com a Aneel, há no país 775.972 sistemas solares instalados. O aumento não ocorre só em regiões afastadas, onde o acesso à rede de energia é mais difícil. Nas grandes cidades do país, a opção por energia solar também vem aumentando. 

Além do apelo ao bolso, contam os benefícios ambientais. Com consumidores mais conscientes sobre as necessidades de adaptação para fazer frente às mudanças climáticas, as placas solares passam a ser mais almejadas. Até 2050, quando o Brasil precisará ter alcançado a neutralidade climática para honrar compromissos que assumiu em fóruns internacionais, a participação das fontes renováveis na matriz elétrica do país deve chegar a 85%. 

“O consumidor de hoje está cada vez mais preocupado com as questões ambientais e sempre nos perguntam sobre a placa solar. Grandes clientes comerciais já fazem questão da implantação de painéis solares de geração de energia em seus empreendimentos”, diz o engenheiro civil Eric Kizellevicius.

O que impede uma adoção mais rápida de painéis solares é o custo do investimento, que pode chegar a cerca de R$ 15 mil. Além das placas, é necessário ter também um inversor para “devolver” energia à rede fornecedora.

“A barreira maior que encontramos ainda é o preço inicial, que é elevado. Hoje estima-se que sejam necessários de 18 a 24 meses para que a economia gerada no consumo de energia pague os custos iniciais de instalação”, completa Eric.

Incentivos do governo ainda são insuficientes

Para acelerar a transição energética, é necessário políticas públicas que incentivem o uso de painéis solares. O Governo Federal já eliminou os impostos de importação para equipamentos de energia solar. Além disso, existem programas específicos voltados para fontes renováveis de energia, como o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica). Para os especialistas, essas ações ainda são insuficientes. 

“Seria necessário uma linha de crédito em que a parcela fosse praticamente o valor da economia mensal que o sistema geraria ao usuário. Algo que também agregaria muito seriam políticas públicas de apoio à pesquisa acadêmica para o desenvolvimento e aprimoramento das tecnologias usadas nas placas fotovoltaicas. Será natural a redução do custo de fabricação e implantação dos sistemas à medida que a tecnologia se desenvolva”, diz Eric. 

A legislação, contudo, já está organizada. A Aneel permite quatro modalidades de geração distribuída de energia: a geração na própria unidade consumidora, o geração em uma residência que alimenta o consumo de uma outra residência do mesmo proprietário, a modalidade de múltiplas unidades consumidoras (como condomínios) e a geração em uma usina cuja a energia é compartilhada por consumidores associados. 

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