Animação: artista digital conta como funciona as etapas de visualização no setor

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13/4/2022 – O animador por trás do computador precisa se tornar um ator e colocar todo o processo de atuação no ambiente 3D, de maneira ágil e simples

Técnica é utilizada pela indústria cinematográfica; animador 3D explica principais características e aplicações do processo de visualização, executada por artistas digitais

Um processo muitas vezes responsável pelos layout das cenas, utilizado em filmes live action que requerem diversos efeitos especiais e em longas como “Vingadores”, “Eternos”, “Shang-Chi” e “Homem-Aranha”, da Marvel. A descrição é de Romualdo Amaral, artista digital e animador 3D, e faz referência ao processo de visualização na pipeline de uma produção cinematográfica. Algo que consiste, segundo ele, em explorar o roteiro de forma visual e, com isso, ajudar o diretor a visualizar a história do filme.

Amaral explica que o processo de visualização requer que o artista trabalhe ao lado da equipe de pré-produção, de escritores, concept artistas e do próprio diretor. Em geral, tudo começa com o acesso ao script e aos storyboards – quando disponibilizados -, com os quais o profissional faz uma leitura visual do que o diretor pretende fazer em determinadas cenas do filme ou seriado.

Hoje em dia, prossegue, a técnica é muito importante para os estúdios visualizarem como o filme está ficando antes de passarem para o processo mais caro, a criação dos efeitos finais da produção. “Os custos com efeitos especiais chegam à casa de milhões de dólares. Por isso, esses recursos devem ser realizados de maneira pontual para não serem descartados depois, no processo de edição do filme”.

Neste cenário, segundo o artista digital, é que a técnica de visualização entra, possibilitando a criação de elementos visuais para mostrar como uma animação de personagem desenvolvida por computação gráfica, ou algum efeito, como explosão, fogo, água e objetos em movimento, vão ficar na tela.

Pré-visualização é essencial para produções assertivas

“No processo de pré-visualização o diretor explora diferentes ângulos e movimentos de câmera, que serão usados no set. Isso possibilita que ele conheça, já na gravação, a lista de cenas necessárias para a ilha de edição”, conta Amaral. “Após a gravação do filme, para cenas que requerem efeitos especiais gravadas em tela verde ou azul, é preciso visualizar como os elementos de computação gráfica vão se comportar em tela com os elementos gravados, o que chamamos de pós-visualização”.

Para exemplificar, o animador 3D cita a série “Stranger Things” (Netflix). A pré-visualização é essencial para cenas envolvendo os Demogorgons, os monstros do mundo invertido que vão atuar em cena com os personagens humanos. O mesmo se repete em “Vingadores”, demonstrando como o Raio do Thor vai afetar todos ao redor.

“Para os filmes de animação, ou que possuem personagens animados, como no live action ‘Tico e Teco: Os Defensores da Lei’ ou ‘Sonic’, a visualização deve ser efetuada no filme todo, pois o diretor precisa ver como os personagens de computação gráfica vão atuar em cena”, complementa. “Ou seja, o animador por trás do computador precisa se tornar um ator e colocar todo o processo de atuação no ambiente 3D, de maneira ágil e simples”.

Assim, acrescenta, no processo de produção e pós-produção do filme, as cenas aprovadas serão levadas para a equipe responsável pela animação final, um processo delicado e que requer tempo para ser feito. “Uma cena de cinco segundos, com um único personagem, pode levar cerca de duas semanas para ser realizada apenas a animação”. 

Animador participa de todo o processo criativo 

Como artista de visualização, segundo Amaral, o profissional precisa entender do processo criativo de produção como um todo e compreender os aspectos dos doze princípios da animação: “esticar e comprimir”, “antecipação”, “encenação”, “siga direto e pose a pose”, “prosseguimento e ação de sobreposição”, “começar e terminar devagar”, “arcos”, “ação secundária”, “cronometragem”, “exagero”, “desenhar sólidos” e “apelo”.

Por meio desses princípios, segundo o animador 3D, o artista se torna capaz de, através da leitura do roteiro e das ideias do diretor, colocar na tela, visualmente, como cada cena vai funcionar. 

“Seguindo os doze princípios, o animador consegue determinar onde os possíveis efeitos especiais serão adicionados. Paralelo com todos os requisitos artísticos para este cargo, o artista precisa conhecer elementos técnicos como a utilização correta de softwares e, muitas vezes, a linguagem de programação como python, por exemplo”, detalha.

Perspectivas para o futuro da visualização

Amaral afirma que há um amplo debate na indústria do cinema a respeito da importância do processo de visualização na produção de um filme. Isso porque, via de regra, o artista precisa trabalhar desde os estágios iniciais, no escopo do diretor do filme ou seriado.

“É esse profissional quem faz todas as escolhas de atuação, movimentação de câmera, posicionamento de objetos e personagens, dentre outros, ficando a cargo do diretor apenas aprovar ou repassar feedbacks sobre o que espera da cena. Por isso, acredito que, em breve, esses artistas começarão a ter um destaque ainda maior em Hollywood”, conclui.

Para mais informações, basta acessar: https://romualdoamaral.com/

Website: https://romualdoamaral.com/

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