Economia em fogo brando não tira o ímpeto das ações da Asperbras, de José Roberto Colnaghi

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Se arredondadas as vergonhosas radiografias oficiais, 100 milhões de brasileiros continuam sem acesso à coleta de esgoto, 35 milhões não são abastecidos com água tratada e 13 milhões de crianças e adolescentes não desfrutam de água potável, manejo de água pluvial e canalização e tratamento de despejo de resíduos líquidos. A Economia em fogo brando não tira o ímpeto das ações da Asperbras, de José Roberto Colnaghi. Manda a lógica que uma infraestrutura assim indigna do nome, efeito da falência e indolência do poder público, esfrie o interesse dos empreendedores. Mas a magnitude do potencial a descoberto continua a mesmerizar quem acredita na virada do jogo, mais dia menos dia. É o caso da operação de transformação de plástico do Grupo Asperbras.

O saneamento básico, vindo corpos atrás o agronegócio, permanece o principal campo de atuação das duas controladas da companhia, dedicadas desde 1985 a tubos e conexões de PVC e desde 2002 a rotomoldados de polietileno (PE).

Noves fora, a Astebras mostra-se um ponto fora da curva no mercado do vinil, onde o senhor dos anéis é o segmento predial, e na raia da rotomoldagem, cuja locomotiva é a caixa d’água, aliás, solução meia boca para uma cárie crônica da infraestrutura: a falta de água encanada para quem vive da mão para a boca.

Empresa diversificou atividades

Na selfie atual, o Grupo Asperbras guarda bem pouca semelhança com aquela fábrica de dutos de irrigação, as feições da empresa quando debutou na praça, 53 anos atrás. Em vez de manter o foco centrado nos tubos de PVC, conforme fez meio mundo entre os transformadores do ramo, a empresa enveredou no desenrolar do tempo pela diversificação.

Hoje em dia, a Asperbras, de José Roberto Colnaghi, também acontece em projetos industriais, setor alimentício, agronegócio, mineração, geração de energia e, tacada mais recente, na produção de placas de madeira certificada.

Em seu fatiamento dos mercados de PVC no ano passado, a consultoria MaxiQuim atribui aos tubos e conexões participação de 50% do consumo aparente do vinil, da ordem de 922.000 toneladas.

A parcela dos tubos é calculada em 404.000 toneladas, das quais o nicho predial (lançamentos imobiliários e reformas residenciais) mobiliza 270.000 toneladas.

Bons corpos abaixo entram os redutos em que a Asperbras manda ver: fatia de 94.000 toneladas para os tubos de infraestrutura (drenagem, adução e distribuição de água e esgoto) e de 40.000 para os dutos de irrigação.

“Nossos focos principais são os segmentos de saneamento básico e irrigação, com atuação discreta no campo predial”, reitera José Roberto Colnaghi, acionista e presidente do Conselho da Asperbras.

“Em 2018, a distribuição das vendas da Asperbras Tubos e Conexões variou pouco em relação aos últimos anos, com saneamento básico mobilizando 65%; irrigação, 30% e o mercado predial com 5%”.

No arremate, Colnaghi solta um indicador alusivo de uma economia inerte há cinco anos. “No ano passado, o faturamento de R$ 159 milhões igualou a receita da empresa em 2014”.

A Asperbras produz tubos e conexões em Penápolis, interior paulista; Simões Filho, na Bahia e Macaíba, no Rio Grande do Norte. “A capacidade instalada das três fábricas totaliza 3.500 t/mês e rodou em 2018 com 60% de ocupação”, dimensiona Colnaghi.

O desempenho corre por conta de um parque de 20 extrusoras de tubos, seis injetoras de conexões e duas linhas de extrusão de compostos vinílicos para injeção. “Reservamos 5% da receita do ano passado para melhorias e expansão do contingente de equipamentos”, assinala o dirigente.

Apesar dos pesares de uma crise que Colnaghi reconhece ainda perdurar, não é do feitio da Asperbras cruzar os braços. “Em 2018, completamos a linha de conexões para irrigação e lançamos os tubos corrugado e geomecânico de 200 mm de diâmetro e o resistente tubo Defofo de 500 mm e uma unidade de pressão mega pascal (1 Mpa), compatível com conexões de ferro fundido na distribuição de água da rede de abastecimento”, explica Colnaghi, divisando os principais mercados deste lançamento em serviços públicos de saneamento e construtoras, em especial no trabalho com grandes loteamentos.

“Produzimos tubos Defofo em barras de seis metros e 318 quilos”, ele especifica. Outro ponto alto das ações no ano passado, destaca Colnaghi, foi o ingresso no e-commerce. “O canal de vendas pela internet agilizou nosso atendimento, já diferenciado pela pronta entrega de produtos, em razão dos altos volumes mantidos em estoque”, salienta o presidente.

A propósito, os campeões de vendas da Asperbras em 2018 foram o duto para irrigação de 50 mm de diâmetro; o tubo predial de 100 mm para esgoto e, no segmento de saneamento básico, o tubo adutora PBA (ponta-bolsa-anel) 60 classe 15 JEI (junta elástica integrada).

A economia ainda em banho maria não esmorece os movimentos engatilhados para este ano por Colnaghi. “Pretendemos ampliar o portfólio de conexões para saneamento básico, automatizar a produção do composto de PVC para extrusão e, a depender da reação da demanda, planejamos instalar mais duas extrusoras para os tubos de venda mais intensa”, ele estabelece.

O mesmo agito é visível nos domínios da Asperbras Rotomoldagem. No ano passado, conta Colnaghi, a empresa atacou com lançamentos em três frentes. Na construção civil, introduziu uma carriola monobloco e uma masseira para argamassa estabilizada, enquanto cervejarias, distribuidoras de bebidas e bufês foram contemplados com reservatórios. O fecho das novidades fica com o assédio ao setor náutico com caiaques duplo e simples e a prancha stand up paddle.

“A linha náutica foi desenvolvida junto com a fabricante Freeport Sports”, revela o dirigente. “A Asperbras rotomolda os cascos e ela entra com os acessórios das embarcações”. Para este ano a principal ação da empresa, fora investir em determinados moldes, será a ênfase no marketing dos produtos surgidos em 2018, define Colnaghi.

Saneamento básico

No retrospecto do último período, os rotomoldados mais vendidos pela Asperbras foram os poços de visita e inspeção, destinados ao reduto do saneamento básico. “Tratam-se de produtos monolíticos, sem soldas ou emendas, vida útil prolongada e estanqueidade garantida”, realça Colnaghi.

Na retaguarda desse balanço, figuram duas plantas, em Penápolis e Simões Filho, somando capacidade para rotomoldar 150 t/mês de PE, à sombra de seis máquinas, das quais quatro do tipo shuttle, uma do tipo carrossel e outra com chama aberta. Por sinal,o presidente calcula investir na renovação e aumento do parque industrial em torno de 10% da receita anual da Asperbras Rotomoldagem.

Na mão oposta do negócio de tubos e conexões, a operação de rotomoldagem não acusa maiores avarias nos últimos anos, como evidencia o comparativo feito por Colnaghi entre os cenários de 2013 e 2018. No ano passado, com a economia ainda em convalescença, o faturamento atingiu R$13.329 milhões, bem acima do montante registrado à beira do precipício da recessão, da ordem de R$ 8.230 milhões em 2013, expõe o empresário.

Naquele ano, aliás, a receita da Asperbras Rotomoldados cindia-se entre o setor agro, com 67%; saneamento básico, com 28% e peças diversas, com 5%. Corte para 2018: o faturamento foi puxado pelo mercado de saneamento básico, com 45%; agricultura, com 25%; pecuária, 7% e 23% pulverizados entre rotomoldados como reservatórios, linha náutica e produtos para o canteiro de obras.

“Nesses cinco anos de instabilidade econômica do país, a principal mudança na Asperbras foi a posição atenuada na agricultura, devido ao aumento da concorrência e à verticalização na rotomoldagem por empresas que atendíamos”, destaca Colnaghi. “Em função deste quadro, ampliamos a atuação no campo do saneamento básico e estreamos com rotomoldados na pecuária, construção civil e setor náutico”.

Deu no que está dando e, pelo visto, dando certo.

Reproduzido do portal Plásticos em Revista

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