José Maurício Caldeira ressalta a importância do segundo idioma no mercado de trabalho

A internet facilita o acesso à aprendizagem, afirma o Sócio Acionista e membro do Conselho de Administração da Asperbras

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Dominar uma segunda língua, principalmente o inglês, além do francês e espanhol, torna-se cada vez mais imprescindível no mercado de trabalho. À medida que o mundo se globaliza, as relações entre empresas de diversos países crescem e a demanda por idiomas ganha força. A União Europeia, composta por 27 países e com mais de 60 línguas nativas regionais, é um exemplo dessa globalização. Contudo, isso não ocorre apenas com companhias estrangeiras no Brasil. O contrário também é verdadeiro, como percebeu José Maurício Caldeira, da Asperbras, na experiência desenvolvida no continente africano.

Com o isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus, muitas pessoas aproveitaram para estudar de casa. Para Caldeira, os jovens têm, actualmente, mais acesso a cursos e a aprender outro idioma por meio da internet. “Há muito curso gratuito que te dá essa condição de ter uma segunda língua aos 18 anos. Portanto, esse jovem tem de ser bem qualificado para aumentar suas chances no mercado de trabalho”, completa José Maurício Caldeira.

Idioma a romper fronteiras

A Asperbras, que começou em Penápolis (SP), está presente hoje na América do Sul, Europa e África. Atua, principalmente, em ramos do agronegócio, indústria e prestação de serviços. No continente africano, iniciou suas atividades em 2002, em Angola, onde implantou um grande projeto de infraestrutura industrial. Em 2011, foi a vez de atuar na vizinha República do Congo.

As dificuldades encontradas no Congo-Brazzaville, de língua francesa, foram imensas. O distrito industrial, a ser implementado pela Asperbras na província de Maloukou-Trèchot, distante 60 quilômetros da capital, Brazzaville, em uma ligação por estrada de terra, compõe parte desse quadro. “Havia uma diferença grande em relação a Angola, que fala português, porque o Congo tem cultura francófila”, assinala José Maurício Caldeira.

Para suprir a carência de mestres de obra, pedreiros e mecânicos, a empresa teve de trazê-los do Brasil. A Asperbras chegou a contratar 5.000 operários no Congo, entre os quais cerca de 400 eram brasileiros, a um custo elevado.

Na ocasião, parte da solução consistiu em contratar mestres de obras portugueses, susceptíveis a falar o francês. “Naquela época, você encontrava muitos portugueses habituados a trabalhar na França, Bélgica e Suíça. O domínio deles do idioma francês acabou por nos ajudar no Congo”, frisa Caldeira.

Mais que contacto, um legado

Além da criação do distrito industrial, que engloba 16 fábricas, a Asperbras foi responsável pela construção de 12 hospitais-gerais de alto nível, um em cada província do país, e do projeto Eau pour Tous (Água para Todos), que promoveu a perfuração de 4.000 poços, o que ajudou a levar água de qualidade a mais de um milhão e meio de pessoas.

Actualmente, a empresa mantém cerca de 800 funcionários no país, que atuam na manutenção dos projetos. Curiosamente, a maior parte dos brasileiros que estão no Congo desde o início não domina o francês. “Porém, todos os motoristas congoleses, que atuam na sede da Asperbras, falam o português fluentemente, que aprenderam como autodidatas”, comparou José Maurício Caldeira.

 

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