Crédito imobiliário se recupera e deve bater recorde em 2024, diz Abecip

Poupança retomou captação e participação de LCIs nos financiamentos dobrou em dois anos, impulsionando o crescimento do setor

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O crédito imobiliário se recuperou no primeiro semestre de 2024, auxiliado pela retomada da captação líquida da poupança no segundo trimestre e pela forte participação de LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) nos financiamentos.

O volume financiado atingiu R$ 82,1 bilhões nos seis primeiros meses do ano. É um aumento de 7% em relação ao primeiro semestre de 2023. Os dados foram divulgados, nesta quarta-feira (24), pela Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).

A poupança, que nos últimos anos teve mais saque do que captação e registra perdas de R$ 196 bilhões desde 2021, teve alta de 3,3% neste primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, após o início de redução da Selic (hoje, em 10,5% ao ano). A captação líquida foi de R$ 763 bilhões. A estimativa da associação é de que a sangria tenha estancado, mas o volume de captação para o crédito imobiliário não irá voltar ao de anos anteriores.

A poupança do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) registrou captação líquida de R$ 8,9 bilhões em junho, o terceiro resultado positivo do ano e o segundo melhor desempenho para um mês de junho da série histórica iniciada em 1995.

O principal instrumento que permitiu o crescimento do setor imobiliário neste primeiro semestre, porém, foram as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), cuja participação nos financiamentos dobrou em dois anos. Saiu de um volume de distribuição de R$ 180 bilhões em junho de 2022 para R$ 363 bilhões até junho deste ano. No mesmo período, o saldo do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) na captação de recursos caiu de R$ 779 bilhões para os atuais R$ 763 bilhões.

Para Sandro Gamba, presidente da Abecip, os números reforçam o sinal de que a dependência do mercado imobiliário pela poupança vai deixar de existir. “Há outros instrumentos que estão suportando o crescimento do mercado imobiliário para as próximas décadas”, afirmou, em entrevista a jornalistas.

Segundo projeções da Abecip, a concessão de novos empréstimos para aquisição da casa própria deve fechar 2024 com recorde histórico. Gamba afirma ainda que não irá faltar recursos aos bancos para conceder o crédito a quem comprou imóvel na planta e irá pedir financiamento neste ano.

No mês passado, foram financiados, nas modalidades de aquisição e construção, 50,4 mil imóveis. Comparado a maio, houve alta de 3,6%. Em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento foi de 21,1%.

Com recursos da poupança SBPE, nos primeiros seis meses de 2024 foram financiados 247,7 mil imóveis, uma queda de 5,1% em relação de 2023. No período de 12 meses encerrado em junho de 2024, foram financiados 485,8 mil imóveis com recursos da poupança SBPE, resultado 21,6% inferior ao do período precedente.

A expectativa ainda assim é encerrar 2024 com R$ 270 bilhões em concessões de financiamento imobiliário no país. Em 2021, melhor ano para o setor, o número chegou a R$ 255 bilhões.

O resultado será puxado pelos financiamentos com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que subiram 75% neste semestre em comparação com o mesmo período de 2023. O uso do FGTS é percebido principalmente na aquisição de imóveis do Minha Casa, Minha Vida, segundo o presidente da Abecip.

A taxa de inadimplência, registrada para contratos com mais de três prestações em atraso, permanece em queda (1,3%).

PREÇOS MAIS ALTOS E MESMA TAXA DE JUROS

 

Apesar da queda da Selic e da inflação, o presidente da Abecip afirmou não enxergar, em futuro próximo, umas queda nas taxas de juros dos financiamentos —atualmente em torno de 12%.

Já os preços dos imóveis pode subir nos próximos meses, disse. O estoque do setor está baixo, pressionando a retomada de discussão dos números.

Na capital paulista, o volume de lançamentos segue inferior à demanda da cidade. No ano passado, os preços dos imóveis em São Paulo subiu 7,22%, segundo o IGMI-R (Índice Geral do Mercado Imobiliário – Residencial), que mede a variação de preços do setor e é elaborado pela Abecip. Acima da inflação registrada no período, com alta acumulada de 4,62%.

 

Fonte: Folha de S.Paulo

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