A trajetória da inteligência artificial (IA) remonta ao século XX, destacando-se o perceptron, desenvolvido por Frank Rosenblatt em 1958, que se tornou a base das redes neurais contemporâneas. Após um período de estagnação, a tecnologia experimentou um crescimento exponencial a partir de 2015, impulsionada pelo avanço do Big Data, Machine Learning e Deep Learning, com o suporte de GPUs que aceleraram seu desenvolvimento. Em 2022, a IA Generativa, popularizada pelo ChatGPT, provocou uma transformação rápida em diversos setores, gerando uma disrupção global que impacta áreas como saúde, justiça e educação, ao mesmo tempo em que suscita questões éticas cruciais sobre seu uso.
Uma pesquisa realizada pela Microsoft e pela Edelman Comunicação revelou que 74% das micro, pequenas e médias empresas no Brasil já adotam a inteligência artificial, embora 20% ainda enfrentem barreiras na implementação dessa inovação. O estudo aponta que 46% dessas empresas investiram em IA no ano anterior e têm planos de continuar esse investimento. Entre 2022 e 2023, os investimentos aumentaram de 27% para 47%, tornando-a a segunda tecnologia mais adotada, atrás apenas do armazenamento em nuvem, que subiu de 45% para 56%.
Uso em diversos setores
No setor da saúde, tem sido fundamental para o desenvolvimento de sistemas automatizados que facilitam teleconsultas e aceleram diagnósticos. Na justiça, algoritmos conseguem sintetizar processos jurídicos e fornecer pareceres que auxiliam os magistrados em suas análises. Na educação, a inteligência artificial é utilizada para prever casos de evasão e reprovação, contribuindo para a redução da desistência dos alunos. Além disso, a IA generativa potencializa a criação de conteúdos pelos professores e facilita o acesso a materiais pelos estudantes.
Desafios e considerações éticas
A implementação da inteligência artificial traz à tona diversos desafios e questões éticas significativas. Uma pesquisa do Instituto Ideia indicou que mais de 70% dos brasileiros acreditam na necessidade de regulamentações para a IA, refletindo uma divisão entre otimismo e preocupação sobre o tema, com os golpes sendo o risco mais mencionado. A privacidade surge como um dos pontos mais críticos, especialmente no contexto da IA generativa, que depende de prompts detalhados para gerar respostas de qualidade. Muitas vezes, esses comandos contêm informações confidenciais ou privadas das organizações, levando várias empresas a restringir o uso dessas tecnologias devido ao risco de exposição de dados sensíveis.
Implicações sociais da proliferação da IA
As implicações sociais da disseminação geram um intenso debate. Enquanto os otimistas acreditam que a tecnologia criará novas profissões e mercados de alto nível, os pessimistas temem que a automação elimine empregos, exigindo soluções como a renda universal. Embora o impacto futuro permaneça incerto, é evidente que, como em outros momentos da história, novas ocupações surgirão enquanto outras desaparecerão. O diferencial atual é a velocidade com que essas mudanças ocorrem, tornando o desafio mais complexo. Outro aspecto relevante é a questão dos direitos autorais, que ainda é indefinida, especialmente em relação às criações geradas por IA e à autoria dos prompts, um debate que está apenas começando.
*Por Gleydson Lima, sócio e membro do Conselho de Administração da Dome Ventures, e CEO da ESIG Group, em coautoria com Diogo Catão, CEO da Dome Ventures