José Maurício Caldeira, da Asperbras, diz que retomada da economia virá com a reforma da Previdência
O executivo confia que a aprovação no segundo semestre irá gerar um impacto positivo e destravar os investimentos planejados por grupos nacionais
Após anos de baixo crescimento, o país espera com expectativa a retomada da economia com novos investimentos e geração de empregos. Para José Maurício Caldeira, da Asperbras, a melhora econômica está ligada diretamente à aprovação da reforma da previdência no Congresso Nacional, que deve ocorrer ainda este ano. “Temos componentes muito positivos para acreditar que teremos melhores perspectivas e melhores cenários pela frente”, afirma José Maurício Caldeira.
Mesmo com o cenário instável dos últimos anos, o Grupo Asperbras segue investindo e em constante ascensão. A empresa, que iniciou suas atividades produzindo implementos agrícolas para irrigação, diversificou suas atividades – hoje atua também na construção e incorporação imobiliária, mineração, geração de energia e alimentos – e se internacionalizou. “Essa é a leitura do que é o Grupo Asperbras. É a coragem de manter os investimentos mesmo em períodos incerto”, afirma Caldeira.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista com José Maurício Caldeira:
A economia brasileira caminha em compasso de espera e a expectativa de retomada do investimento ainda não se confirmou. Como o senhor vê o impacto dessa situação para a Asperbras?
A retomada da economia virá com a aprovação da reforma da previdência no Congresso Nacional. A aprovação irá gerar um impacto positivo, destravar os investimentos planejados por grupos nacionais e devolver a confiança aos consumidores, que, atualmente, estão em compasso de espera. Há também outras questões sendo discutidas no ambiente político com uma maior facilidade de negociação com o Congresso, como a reforma tributária, as desregulamentações e as privatizações. Essas medidas são mais fáceis de serem implementadas porque necessitam de quórum menor para aprovação. Mas o que me deixa otimista nisso tudo é que tenho a convicção de que a reforma da previdência será aprovada e, consequentemente, teremos componentes muito positivos para acreditar em melhores cenários e perspectivas.
Os empresários costumam reclamar que o ambiente de negócios no Brasil tem muitos entraves e pouco estímulo à inovação e ao empreendedorismo. Qual a sua visão a respeito disso?
Recentemente, participei de um seminário empresarial no qual foi falado que no ranking Doing Business, do Banco Mundial – que mede a facilidade para empreender no mundo todo – o Brasil ocupa a posição 125 entre 190 países, logo atrás do Irã. Como eu disse, logo após aprovação da reforma da previdência, a reforma tributária entrará na agenda. O que está se planejando é uma simplificação dos impostos e até redução na carga tributária. Isso irá descomplicar um pouco o ambiente de negócios no Brasil. A agenda pós-previdência tende a ser positiva, muito forte e com impacto no curto prazo.
O Grupo Asperbras cresceu nos últimos anos. Qual o segredo para progredir em meio à recessão e ao baixo crescimento econômico?
O Grupo tem suas operações separadas, nós temos uma holding que controla e administra os negócios no Brasil e um fora do Brasil. Em relação ao mercado nacional, trabalhamos em um viés de investimento nos últimos anos. Contramão do mercado? Sim. Começamos em 2013, quando o país parecia estar em uma corrente positiva. Nesse período, iniciamos três projetos. A GreenPlac, o maior deles, a Usina Termelétrica de Guarapuava, no Paraná, e a expansão da Aspebras Alimentos, com a Bonolat. Neste período de impasse político, queda do petróleo, problemas com a Vale e com a Petrobras, estávamos fazendo um dos maiores investimentos do país, sem possibilidade de recuo. Precisávamos terminar os projetos e concluímos a maioria deles, entre os quais a GreenPlac, o principal em termos de valor. Algo semelhante aconteceu com as atividades realizadas fora do Brasil, centradas na África. Tivemos um crescimento realmente grande nos últimos anos, mas com redução em 2016/2017 devido à queda do preço do petróleo. Isso gerou uma redução das operações que só agora começaram a se ajustar. Essa é a leitura do que é o Grupo Asperbras. É a coragem de manter os investimentos em um período muito incerto.
Qual setor de atuação da Asperbras que o senhor vê com melhores perspectivas para 2019/2020?
Se tiver uma retomada econômica, todos os setores em que atuamos terão um viés positivo, mas é na GreenPlac que mais apostamos. Estamos investindo no trabalho de marketing e na implementação de qualidade desde o início da sua operação. A empresa tem reflexo direto do consumidor, pois é matéria prima da indústria moveleira, que está ligada aos grandes players de móveis do Brasil. Nossas outras atividades são muitos setoriais. A parte de urbanismo depende da construção civil, saneamento depende das privatizações e de medidas que o governo vier a tomar. O setor de leite é mais estável. Então estamos empenhados na Greenplac.
As empresas do Grupo Asperbras investem em modernização tecnológica. Como essa iniciativa se reflete no desempenho dos negócios?
A Asperbras, dentro dos seus negócios, tem procurado acompanhar o mercado na evolução tecnológica e implementar as ferramentas existentes. Estamos investindo na comunicação via Marketing Digital e na evolução tecnológica das linhas de produção. Atualmente, a GreenPlac tem o que é mais de moderno para a produção de MDF no mundo. Na parte de gestão, o grupo vem implantando parcerias e introduzindo Relações Públicas em todas as suas empresas. Você precisa estar sempre atualizado nas ferramentas existentes para ter seus negócios conectados com o que mercado exige.