Mulheres: O custo invisível para a economia
De acordo com os dados do IBGE, as mulheres recebem salários 22% menor em comparação com os homens
Suas pesquisas sobre a temática ao longo dos anos levantam a tese de que pessoas que possuem mais tempo livre para se dedicarem ao trabalho – ou seja, podem trabalhar à noite, nos finais de semana, nas férias, fazer horas extras – são bonificados por isso. Naturalmente, mulheres acabam sendo prejudicadas nesse sentido, segundo Goldin, por conta das tarefas a elas atribuídas historicamente.
A consequência disso, para a especialista em finanças pessoais da Creditas, Andressa Costa, é justamente a disponibilidade reduzida para investir no seu desenvolvimento profissional, estudos e aprimoramentos na carreira. Desta forma, a mulher se vê despreparada para o mercado de trabalho.
“Como as mulheres precisam dedicar horários aos filhos e demais afazeres, sobra pouco tempo para fazer uma especialização ou outros cursos que possam trazer mais capacitação para concorrer a uma promoção ou uma vaga melhor”, exemplifica a especialista.
De acordo com os dados do IBGE, as mulheres recebem salários 22% menor em comparação com os homens. A diferença salarial aumento, principalmente, quando o cargo ocupado é mais alto. Mulheres chegam a receber cerca de 34% menos em relação ao gênero oposto.
Quando colocado na perspectiva racial, a discrepância é ainda maior, mesmo no comparativo entre mulheres. A média salarial da mulher negra é de R$ 1.948, o que equivale a 62% do que as mulheres brancas ganham, segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia, o FGV Ibre.
Mães são as mais prejudicadas no mercado de trabalho
Quando a mulher decide ter filhos, essa realidade fica ainda mais difícil. Nos estudos de Goldin, a diferença salarial e de oportunidades se mostram inversamente proporcionais, além dos danos às suas carreiras que perduram por mais ou menos uma década após darem à luz.
Com uma filha que acabou de completar um ano de vida, Giuliana Mayumi Miyashita tem sentido os impactos no seu dia a dia. Sem nenhuma flexibilidade na sua rotina, por conta da sua escala de trabalho como enfermeira, cuidar da casa, da primogênita, além de dois trabalhos extras, tem sido exaustivo.
“Confesso que me sinto bem cansada. Mas é a necessidade para nos manter no estilo de vida que optamos por ter”, expressou Miyashita.
De acordo com uma estimativa feita pela economista Brena Paula Magno Fernandez, professora da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e coordenadora do Núcleo de Estudos em Economia Feminista, a pedido do Universa, da Uol, para um trabalho que cumpra as funções de uma mãe – foram considerados os trabalhos de babá, empregada doméstica, cozinheira e motorista –, o salário mínimo seria de R$ 7.392.
A enfermeira relata que ainda conta com o auxílio do marido para as tarefas diárias e que, por trabalhar no mesmo tipo de escala que nem ela, acabam tendo uma dinâmica corrida. “Na parte da casa ele ajuda também, mas acabo fazendo mais coisas, principalmente a parte de comida, pois ele não cozinha”, explica.
No caso das mães solos, o buraco é mais embaixo. Essas mulheres chegam a receber 39% a menos do que homens casados.
Além das discrepâncias salariais e as suas diversas jornadas, ao final do dia, a mulher ainda precisa fazer com que conta feche.
A especialista em finanças pessoais acredita que a educação financeira para a mulher nesse processo é essencial para que ela entenda suas potencias e como administrar o seu tempo e dinheiro.
“Eu sempre falo que educação financeira faz um ‘despertar’ na vida das pessoas. Sua visão muda para as coisas e você passa a enxergar detalhes e a pensar melhor nas decisões que você toma no seu dia a dia”, aponta Costa.
Fonte: InfoMoney