Parceria entre SENAI e Indústria garante ingresso de jovens no mercado de trabalho paranaense

Parceria entre a Engerey Painéis Elétricos e intituições de ensino abre portas para jovens no mercado de trabalho, como é o caso da Stephany e Bruno.

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Que a educação abre uma janela de oportunidades não há dúvidas. Que o crescimento do país passa pelo desenvolvimento de sua indústria também não há o que contestar. Agora, quando uma se une à outra, aí o match é perfeito. Sonhos pessoais são realizados, negócios são impulsionados, todo um ecossistema é beneficiado, e quem ganha é a sociedade.

Quer ver como? Basta focarmos em alguns dos incontáveis exemplos que temos em unidades fabris e em instituições de ensino Brasil adentro para nos darmos conta do quanto a aproximação entre indústria e educação é rica.

Estamos em Curitiba, mais precisamente no bairro Lindóia, sede da Engerey, montadora de painéis elétricos industriais. Lá, encontramos Stephany Vicentino da Silva Moreira, 20 anos.

A trajetória recente de Stephany é uma demonstração de enfrentamento e superação de adversidades. Mais que isso: um caso emblemático da importância da relação entre setor industrial e setor educacional.

Ainda adolescente, ela sonhava em fazer faculdade. Não tinha muita firmeza ainda sobre qual escolher. Ser médica, ser psicóloga eram alguns dos desejos. Mas, assim que terminou o ensino médio, veio a pandemia de covid-19. Além da incerteza da carreira a ser escolhida, as condições desfavoráveis do momento intensificaram a insegurança, impossibilitando seu ingresso no ensino superior.

Confirmando que transformar uma dificuldade em oportunidade está longe de ser apenas um clichê, mas uma verdade poderosa, Stephany encontrou a chance de fazer um curso técnico de eletromecânica e se matriculou. Entre os 70 alunos distribuídos em duas turmas (uma de eletromecânica e outra de mecânica), apenas duas eram do sexo feminino. Infelizmente, a colega dela não conseguiu prosseguir. Portanto, apenas uma mulher foi formada dessas turmas, que foi a Stephany.

“Estranhei a falta de mulheres, mas não desisti. Indústria, mecânica, eletromecânica, às vezes, parecem feitas só para homens, mas não são. Nós, mulheres, temos nosso valor e podemos fazer o mesmo trabalho que os homens”, diz. À medida que o curso avançava, mais ela tomava gosto pela área. “Então, se eu estava gostando, não ia desistir só porque dizem que é uma área masculina.”

 

PARCERIA ENGEREY E INSTITUIÇÃO DE ENSINO

O curso, com duração de dois anos, foi realizado na unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) do Paraná, com o qual a Engerey Painéis Elétricos mantém uma parceria. O CEO da empresa, Fábio Amaral, explica que as ações em conjunto abrangem a participação em eventos, quando especialistas compartilham com os estudantes como funcionam painéis elétricos industriais e outras especificidades da elétrica e da rotina produtiva fabril; e ainda a oferta de vagas de estágio e de empregos.

 

Fábio Amaral (Divulgação)

 

“É uma parceria em que estamos presentes, na instituição de ensino, com conteúdos técnicos e oferecendo oportunidade de trabalho, chegando, inclusive, à promoção do primeiro emprego, algo que é uma das maiores dificuldades e preocupações de um estudante”, pontua Amaral.

Foi dessa relação entre a indústria Engerey e a instituição de ensino Senai que uma oportunidade surgiu para Stephany. Abriu uma vaga na montadora de painéis elétricos, e mesmo sendo estudante, ela não hesitou em aceitar. Em abril de 2024, completa um ano de trabalho na Engerey, desempenhando a função de auxiliar orçamentista. Stephany aplica todo o conhecimento técnico adquirido em sua atuação na equipe de orçamento da empresa.

“No curso do Senai passei a gostar da área. Tanto que, agora, estou prestes a começar a faculdade de Engenharia Elétrica”, revela, com satisfação. Stephany está matriculada em uma instituição universitária em Araucária, município da região metropolitana de Curitiba. “Emendei o curso técnico com o superior para não correr o risco de parar e não voltar aos estudos. A rotina é cansativa, mas vale a pena”.

 

INDICADORES

Dessa forma, Stephany representa estatísticas que mostram, por um lado, uma presença feminina ainda aquém do ideal na indústria brasileira. Por outro lado, destaca movimentos que buscam acelerar e promover maior participação feminina nesse cenário.

Um estudo recente do Senai aponta que, em uma década (2010 a 2020), o percentual de mulheres na indústria brasileira teve crescimento tímido – de 23,4% para 24,2%. Ou seja, menos de um quarto dos postos de trabalho no setor industrial seria ocupado por mulheres. Um desses postos é, agora, o exercido por Stephany.

Em compensação, no mesmo levantamento, o Senai registrava um acréscimo de 36% no número de matrículas de mulheres em cursos de formação para a indústria 4.0 em quatro anos (2017 a 2021).

Para a futura engenheira elétrica, é preciso romper de vez com estereótipos. “O trabalho na indústria não é nenhum bicho de sete cabeças para mulheres. Crescemos com a ideia de que áreas como mecânica, elétrica e indústria são mais voltadas para homens. Quis provar, para mim mesma, que não é bem assim”, afirma Stephany com otimismo.

Bruno e Stephany: oportunidade bem aproveitada. (Foto: Divulgação)

O PRIMEIRO EMPREGO

O recorte de gênero é fundamental, mas para além dele há exemplos que reiteram a importância da dobradinha indústria-educação. Na mesma Engerey Painéis Elétricos encontramos o caso de Bruno Menezes, 29 anos. Ele trabalha como auxiliar de montador elétrico, e só conseguiu ocupar a vaga por estar cursando Técnico em Eletrotécnica, também pelo Senai. Na escola, conheceu a equipe da Engerey, que participava de um evento promovido pela instituição de ensino.

Assim, enviou seu currículo e, tempos depois, foi chamado para trabalhar. Está no penúltimo período do curso; termina no final de 2024, e para 2025 planeja cursar Engenharia. “Sempre gostei de elétrica, e agora com o curso, consegui meu primeiro emprego na área. Vale a pena fazer um curso técnico. Além de mais acessível que uma faculdade, o curso técnico dá base para a faculdade que a gente escolher fazer”, relata.

Para Fábio Amaral, os exemplos de Stephany e Bruno são uma pequena amostra do potencial de crescimento econômico e desenvolvimento social que a união entre indústria e instituições de ensino pode proporcionar. “É um compromisso social nosso, contribuir com a formação de profissionais capacitados para atender o mercado. Ganham o ensino, a indústria, os jovens; ganha a sociedade”, destaca.

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