Previdência: como o mercado reagiu com a aprovação da reforma?
Especialistas enxergam reforma previdenciária como precificada e aguardam ajustes
Na última terça-feira, 22, foi aprovada, em 2º turno, a Reforma da Previdência no Senado. A PEC era aguardada pelos mercados, prometendo uma economia para os cofres públicos de R$ 800 bilhões em 10 anos. Com ela, a expectativa é de dar mais segurança aos investidores no longo prazo, atraindo mais fluxo de capital para a economia brasileira. Como já era esperado, o mercado reagiu antes da aprovação, onde o Ibovespa bateu novo recorde de fechamento, aos 107.381,11 pontos.
Percepção de risco
Segundo o Economista-Chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, a nova Reforma deve reduzir a percepção de risco da economia brasileira, atraindo mais investimentos. “A aprovação da Reforma da Previdência deve produzir mais um impulso no mercado acionário, a partir da queda do risco percebido em relação aos ativos brasileiros. Além desse efeito direto, as ações podem se beneficiar de uma possível melhora em relação à taxa de crescimento do país“.
Vitória do governo
Para Jefferson Laatus, Estrategista-Chefe do Grupo Laatus, os destaques que foram votados hoje, por mais que possam reduzir a economia da Reforma, não devem apresentar muitas mudanças. “Já era esperada a aprovação, então o mercado não foi pego de surpresa. É uma vitória para o governo, que fez algo que os outros não conseguiram”, comenta. Laatus afirma que o mercado já havia precificado a previdência e agora aguarda outras medidas de ajuste pelo governo. “Mas quando pensamos no mercado os valores já estão precificados, então não veremos muita euforia devido a essa aprovação. O que temos agora é o governo com a agenda livre para realizar outras reformas estruturais”, completa O Estrategista-Chefe do Grupo Laatus.
Próximas reformas
Fernando Bergallo, Diretor de Câmbio da FB Capital, explica que geralmente o mercado acaba antecipando eventos, a exemplo da queda de 1,5% no câmbio ontem. “Sem dúvida, hoje o mercado de câmbio abriu estável, com uma leve alta. O mercado sempre se antecipa aos fatos, então a queda brusca em relação a aprovação final aconteceu ontem. Na verdade, ontem tivemos um pequeno ajuste desvalorizando o câmbio em 1,5%, com o final dessa tramitação, que durou 14 meses”, diz. Segundo ele, o cenário externo deve ditar o ritmo agora, com o possível final da disputa entre EUA e China e o desenrolar do Brexit. “Agora o mercado financeiro se volta para as outras pautas de ajuste, como reformas administrativas e tributárias e, principalmente, para o cenário externo, que deve ditar o preço da moeda até o final do ano”, finaliza.