A produtividade do trabalho na indústria de transformação brasileira – medida com o volume produzido dividido pelas horas trabalhadas na produção – subiu 2,3% no segundo trimestre de 2022 (abril a junho), em comparação com o primeiro trimestre, com base na série livre de efeitos sazonais. O estudo produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que esta é a primeira alta do indicador desde o terceiro trimestre de 2020, interrompendo uma sequência de seis trimestres de queda.
Na mesma base de comparação, as horas trabalhadas caíram 0,8%, e o volume produzido cresceu 1,4%. O avanço da produção, que aumentou pelo terceiro trimestre consecutivo, ocorre em um cenário de aquecimento do mercado de trabalho, com a recuperação do emprego e do rendimento.
“A indústria tem tido dificuldade de manter a produção devido ao problema da falta ou alto custo de insumos e matérias-primas. No segundo trimestre do ano, a alta do indicador, que interrompeu seis trimestres de queda, se deve provavelmente à redução dessas dificuldades”, explica a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha.
Incertezas permanecem em relação ao cenário internacional
Apesar do avanço em relação ao início do ano, as incertezas permanecem elevadas no cenário externo em função dos lockdowns na China e do conflito na Ucrânia, fatores que dificultam a solução para a falta de insumos e matérias-primas. Assim, diante de um cenário ainda de restrição à produção, é improvável que o indicador se recupere o suficiente para fechar o ano de 2022 em alta.
“Para que o indicador de produtividade do trabalho volte a crescer de maneira sustentada, é necessário que os empresários retomem a confiança para realizar os investimentos que permitirão que essa produtividade se recupere, como os investimentos em inovação e em qualificação do trabalho”, afirma Samantha Cunha.