Rússia usa míssil nuclear em ataque à Ucrânia

Rússia utiliza míssil nuclear pela primeira vez em ataque contra a Ucrânia

A Rússia disparou um míssil intercontinental pela primeira vez em um ataque contra a Ucrânia, de acordo com a Força Aérea ucraniana. O míssil RS-26 Rubej, um modelo projetado para uso em guerra nuclear, foi disparado contra a cidade de Dnipro na madrugada de quinta-feira (21). O ataque, que carrega seis ogivas convencionais, marca um novo estágio na escalada do conflito.

Analistas internacionais, consultados a partir de imagens georreferenciadas de redes sociais, confirmaram a acusação da Ucrânia. A cadeia de notícias americana ABC informou que, embora haja dúvidas entre autoridades ocidentais sobre o modelo exato, as imagens e vídeos indicam a utilização de um ICBM (míssil balístico intercontinental).

O lançamento do RS-26 Rubej é interpretado como uma manobra estratégica, colocando a guerra em um ponto de intensa escalada simbólica. Este ataque ocorre após a autorização dos Estados Unidos para que a Ucrânia utilizasse mísseis de até 300 km de alcance em território russo, uma medida que o governo de Volodymyr Zelensky vinha pedindo há meses.

O primeiro ataque com mísseis de longo alcance foi realizado pela Ucrânia na terça-feira (19), atingindo um arsenal russo a 150 km da fronteira. Como resposta, o presidente Vladimir Putin deu mais um passo em sua doutrina nuclear, revisando sua política de uso de armas atômicas. A nova formulação considera como legítimos alvos de retaliação países e alianças que apoiem ações contra a Rússia.

Na quarta-feira (20), a Ucrânia usou pela primeira vez mísseis de cruzeiro britânicos Storm Shadow contra a Rússia, atacando a região de Kursk. Apesar de o Kremlin ter alegado que derrubou dois desses mísseis, o uso de armas de longo alcance por Kiev segue como uma estratégia de pressão, dificultando a interceptação e marcando um novo patamar no conflito.

O uso de um RS-26 Rubej, um míssil projetado para guerras nucleares, é inusitado, já que sua utilização em uma operação convencional como a de Dnipro seria incomum. O RS-26, com alcance de até 5.800 km, é capaz de transportar até quatro ogivas nucleares, cada uma com a potência de cerca de 20 bombas de Hiroshima.

Especialistas apontam que o lançamento de um míssil tão sofisticado e de alto custo contra um alvo relativamente localizado sugere que o Kremlin estava buscando enviar uma mensagem simbólica poderosa. O RS-26, parte do arsenal estratégico de dissuasão nuclear da Rússia, é um dos pilares da força nuclear do país.

A guerra na Ucrânia, que já alcançou seu segundo ano, testemunhou a Rússia tomar mais uma cidade no leste ucraniano na quinta-feira (21), enquanto a Ucrânia continua a resistir com apoio ocidental. O uso de mísseis de longo alcance por Kiev, embora com impacto limitado, tem gerado uma resposta cada vez mais incisiva de Moscou.

A Força Aérea ucraniana também informou que a região de Dnipro foi atingida por outros mísseis russos, incluindo os Kh-101, com seis dos sete lançados sendo derrubados. Contudo, um míssil hipersônico Kinjal atingiu o solo, embora não haja informações de vítimas até o momento.

A escalada nuclear também foi ampliada pelas autoridades russas, que criticaram a recente inauguração de uma base de defesa antimíssil na Polônia. A instalação de Redzikowo, ativada em 13 de outubro, foi apontada como um “aumento do risco nuclear” por Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

O governo russo também sugeriu que, em sua nova doutrina nuclear, a Otan já estaria em guerra com a Rússia, uma vez que os países da aliança fornecem armas para Kiev. A instalação de defesa na Polônia foi interpretada como uma possível preparação para uma ação militar contra a Rússia, embora a Polônia tenha negado qualquer risco nuclear.

Apesar das ameaças, Vladimir Putin nunca declarou oficialmente guerra à Ucrânia, chamando a invasão de 2022 de “operação militar especial”. Esse distanciamento retórico ajudou a manter a aprovação de Putin dentro da Rússia em níveis elevados, acima de 90%.

Embora a Rússia não tenha confirmado oficialmente o uso do RS-26, o ataque em Dnipro e a retórica nuclear indicam um endurecimento da postura de Moscou frente à guerra. Especialistas observam que o uso de um ICBM nunca foi registrado em um conflito militar, sendo geralmente reservado para dissuasão estratégica.

O impacto dessas ações pode ser significativo, com a Rússia claramente sinalizando sua disposição em intensificar o uso de força militar avançada. As tensões continuam a crescer, com a possibilidade de novos ataques e uma escalada ainda maior no horizonte da guerra entre os dois países.

Se a Rússia realmente utilizou um RS-26, a ação reflete um momento de redefinição na guerra, colocando o uso de armas nucleares e de longo alcance mais próximo do centro do conflito. Para o Kremlin, essa pode ser uma resposta direta à crescente pressão ocidental sobre a Rússia e a intensificação do apoio militar a Kiev.

Os próximos dias devem revelar se Moscou irá continuar escalando sua retórica e suas ações no campo militar, especialmente à medida que a Ucrânia continua a utilizar novas armas fornecidas pelo Ocidente para tentar reverter a maré da guerra a seu favor.

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