Pandemia faz sete milhões de mulheres deixarem o mercado de trabalho na última quinzena de março
Período marca início da quarentena para conter a propagação da doença. No 1º trimestre, demissão de mão de obra feminina foi 25% maior que a masculina. Elas estão em setores mais afetados pelo isolamento
A crise causada pelo coronavírus é mais dramática para as mulheres e empurra boa parte da força de trabalho feminina de volta para casa. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios ontínua (Pnadc) mostrou que 7 milhões de mulheres mulheres deixarem o mercado de trabalho na última quinzena de março, quando começou a quarentena.
São dois milhões a mais que o número de homens na mesma situação. Além da demissão, elas têm mais dificuldades para procurar uma vaga e se manter no mercado.
Pelos cálculos do pesquisador Marcos Hecksher, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é primeira vez nos últimos três anos que a maioria das mulheres está fora da força de trabalho (que são os que estão trabalhando ou procurando emprego).
— Se a participação feminina ainda fosse a média dos três anos anteriores, o esperado seria haver 46 milhões de mulheres na força de trabalho e 41 milhões fora dela. A maioria das mulheres mulheres deixarem o mercado de trabalho estava na força de trabalho. Agora, a maioria ficou fora — afirma Hecksher, que desagregou os dados trimestrais do IBGE em quinzenais, para isolar o período inicial da quarentena.
Com a quarentena, o número de desempregados (aqueles trabalhadores que tomaram alguma providência para conseguir emprego) não reflete com precisão a crise no mercado. A Pnad Covid-19, com dados de maio, mostra que 17,7 milhões de trabalhadores não conseguiram procurar trabalho por causa da pandemia.
No trimestre inteiro, que inclui dados de janeiro e fevereiro, o número de mulheres que perderam o trabalho foi 25% maior que o de homens.