BR Malls e Ancar Ivanhoe estudam fusão

Pandemia, que impulsionou o comércio eletrônico, ajudou a aproximar as duas companhias

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As empresas de shopping centers BR Malls e Ancar Ivanhoe analisam uma fusão parcial de seus ativos, o que deve acelerar a competição nas vendas on-line e o movimento de consolidação desse setor, um ano e meio após a fusão de Aliansce e Sonae Sierra Brasil.

A necessidade de ampliar escala, especialmente no braço on-line e de serviços, mercados ainda em fase inicial de exploração pelo setor, ajudou a aproximar as empresas, dizem fontes. A pandemia, que ampliou a demanda no comércio eletrônico, teve peso nessa decisão. Mas o Valor apurou que as empresas já buscavam parceiros no mercado há alguns anos, antes mesmo da atual crise.

Segundo comunicado da BR Malls, as discussões ainda estão em fase preliminar. O Valor apurou que já há um entendimento de que a fusão parcial envolveria shoppings nos principais Estados do país, o que colocaria a nova operação na liderança do mercado.

Ativos em praças como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, parte do Nordeste e do Sul (como Porto Alegre) podem formar esse novo negócio, caso as conversas avancem, diz uma fonte.

Considerando apenas os shoppings em São Paulo e no Rio, as duas companhias têm participação acionária em 29 empreendimentos. Para efeito de comparação, a Aliansce Sonae, vice-líder, tem participação em 27 shoppings no total (são 15 em São Paulo e no Rio), segundo dados de junho.

Somadas, BR Malls e Ancar têm 55 shoppings, e a primeira lidera o setor, com 31 centros de compra e mais de R$ 21 bilhões em vendas de lojistas em 2019. A Ancar não publica números, mas informou vendas de R$ 12 bilhões em 2018.

“A BRMalls se vê como uma empresa de ‘mall as a hub’, ou seja, o shopping como um grande negócio de logística e serviços. É esse conceito que está obrigando as empresas a saírem da toca. O formato que existiu até hoje nos shoppings é o mesmo de 40 anos atrás, mas isso só não funciona mais. Ser um ótimo locador de loja não é o bastante, não garante mais relevância no longo prazo”, diz Luiz Marinho, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls.

“Algumas já acordaram para a importância de ganhar escala nessa nova ‘avenida’ do digital, da venda de serviços de mídia, e estão mais avançadas que outras nessa discussão”, acrescentou. Ele cita nesse grupo a BRMalls – com 5 iniciativas na área digital, segundo relatório do BofA, mas reforça que Aliansce e Multiplan, apesar dos esforços, ainda tem cultura mais centrada na operação física.

A Ancar foi fundada em 1972 pela família Andrade de Carvalho. A BR Malls é empresa com participação pulverizada no mercado, 75% das ações estão circulando pelo mercado – o maior acionista é a Squadra com 6%.

Especialistas afirmam ainda que a fusão, se ocorrer, pode destravar acordos no setor e obrigar rivais a buscarem parcerias. Entre os grandes grupos de shoppings, há ainda Iguatemi e Multiplan, com portfólio mais voltado para classes A e B. Apesar da força que teriam numa eventual fusão, ambos não têm na agenda um acordo societário, segundo fontes próximas aos negócios.

A aproximação de BR Malls e Ancar não chegou a surpreender o mercado, segundo dois gestores de fundo imobiliário. “A BR Malls já buscava um acordo mais ‘parrudo’ há anos e não deu certo com a Aliansce em 2017, mas eles continuaram com isso no radar. A Ancar também tem sido constantemente sondada. Um acordo acaba sendo algo natural”, diz um deles.

Apesar de associações do setor reforçarem que a recuperação está em pleno andamento, há praças ainda com dificuldades e dúvidas sobre a capacidade de retomada firme, mesmo após 2021, lembra Marinho. As operações no Sudeste e no Sul estão mostrando um ritmo de recuperação um pouco mais lento do que o Nordeste.

FONTE: Valor Econômico | Por Adriana Mattos

 

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