Dólar pode passar de R$ 4,30 com preocupação epidêmica do coronavírus
6 especialistas do mercado financeiro explicam as movimentações nos mercados globais, em meio à crise do Coronavírus
A preocupação global com o avanço do Coronavírus tem aumentado cada vez mais. Ao todo são 19 países que registram casos da doença. Embora o vírus apresente baixa mortalidade, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) só 2% dos casos resultaram em falecimento, os problemas gerados pela tentativa de controlar a doença influenciam diretamente na economia.
A preocupação dos mercados também passa pela incerteza quanto aos dados divulgados pela China, afinal, a mídia estatal controla completamente as informações divulgadas e pode estar querendo abafar a situação, evitando maiores problemas para a economia chinesa, que reduziu sua expansão nos últimos anos. A Bolsa de Valores da China se encontra fechada desde o feriado do ano novo. A reabertura, adiada, até o momento, para hoje, 3, pode gerar grandes distorções se a crise não tiver sido resolvida até lá.
Impactos na economia
Daniela Casabona, Sócia-Diretora da FB Wealth, manifesta a preocupação dos especialistas quanto as informações divulgadas. “O mercado tem reagido e sofrido bastante com a condição de saúde da China, não só o Brasil, como o mercado global estão sofrendo impactos na economia pelo contato limitado com a China em prevenção ao contágio do Coronavírus. Os dados podem ser ainda mais preocupantes do que os divulgados nas mídias”, ressalta.
“A repercussão do ciclo global de aversão ao risco, em função do Coronavírus, está colocando o Ibovespa em uma rota de realização, após um longo ciclo de alta. Ainda é cedo para determinar a extensão dos efeitos da doença sobre a economia chinesa, mas, no cenário mais grave, é possível uma perda de 1,5% na taxa de crescimento do PIB”, comenta Pedro Paulo Silveira, Economista-Chefe da Nova Futura Investimentos. Silveira ainda explica os setores da economia brasileira que podem ser afetados por essa crise. “A economia pode ser afetada por meio da redução das exportações de commodities, notadamente, o minério de ferro, produtos siderúrgicos e celulose. O mercado está antecipando os efeitos sobre todos os setores, desde mineração até o de consumo”.
Epidemia global
Guto Ferreira, Diretor Executivo da Solomon’s Brain, acredita que efeitos mais fortes nas bolsas mundiais devem ser sentidos somente se a epidemia se tornar global. “Por hora o impacto é mais pelo susto do que por algo que pode se tornar uma crise econômica. Caso se torne epidemia global, aí sim poderá ter impacto mais permanente nas bolsas”, pontua.
Dólar em alta
Fernando Bergallo, Diretor de Câmbio da FB Capital, afirma que o dólar pode ultrapassar a casa dos R$ 4,30. “O mercado inteiro está atento a essa epidemia. A última confirmação é de 8 mil casos de contaminação, só na China. A expectativa é de paralização eventual de algumas fábricas, como por exemplo, a planta chinesa da Apple. Então, há um impacto real na economia por conta disso. Não acho que exista um limite para a valorização do dólar, até porque o Banco Central tem uma política bastante ortodoxa de não intervenção no câmbio, porém de acordo com a gravidade dessa epidemia o valor da moeda americana pode até transpor os R$ 4,30”, explica.
China
Jefferson Laatus, Estrategista-Chefe do Grupo Laatus, lembra que os mercados chineses estão fechados, dessa forma, caso contrário teríamos impactos ainda maiores. “Outra coisa importante para o mercado, é que o recesso de ano novo na China está sendo cada vez mais prolongado, oficialmente fala-se na volta no dia 3 de fevereiro, porém algumas províncias já mudaram essa data e é provável que o feriado seja estendido. A reabertura pode gerar impactos gigantescos nas bolsas chinesas, afinal, os mercados tendem a querer corrigir todo esse tempo parado pelo coronavírus, retirando aportes importantes das bolsas chinesas. Por isso, o governo Chinês está tentando fazer é postergar isso até que exista uma melhora na situação, os efeitos podem ser catastróficos”, diz.
Divulgação de dados
Fabrizio Gueratto, Financista do Canal 1Bilhão Educação Financeira, acredita que, justamente pela dificuldade em confiar nas informações, pode ser que o mercado esteja reagindo. “Como o mundo inteiro sabe, a China controla com mão de ferro as informações que entram e saem do país. Então, é impossível confiar 100% que os dados que estão sendo passados são corretos. Como mercado financeiro, geralmente, sabe de tudo antes de todo mundo, pode ser que as quedas nas principais bolsas sejam reflexo de uma situação que é pior do que tem sido divulgado na mídia hegemônica”, finaliza.