Entenda o que é a taxa SELIC
Importante para a meta de inflação, taxa básica de juro teve a maior patamar em 2003
Pela primeira vez, desde agosto de 2022, o Comitê de Política Monetária (Cupom) elevou a taxa de juros no Brasil em 0,25%, passando de 10,50% para 10,75%. A justificativa do Banco Central para o aumento foi a possibilidade de diminuição da inflação e, também, a chance de conter o aumento de preços para o consumidor final. Em segundo plano, de acordo com o órgão, a contida na subida do dólar também foi relevante para a decisão.
Porém, mesmo dada a importância do assunto, muita gente ainda se pergunta o que exatamente é a taxa Selic. Então, para esclarecer as dúvidas, o Portal da Economia explica a função e a relevância dessa pauta que tanto gera embates nos âmbitos econômicos e político.
Taxa Selic
O nome “Selic” vem da sigla do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, uma estrutura administrada pelo Banco Central, onde os títulos públicos federais são depositados e transacionados. Definida como a taxa básica de juros da economia brasileira, ela influencia outros juros no país, afetando diretamente o custo de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.
Quanto mais alta ela for, mais caro se torna emprestar dinheiro, o que impacta tanto pessoas comuns, quanto grandes empresas. Além disso, o controle da inflação, que é o aumento nos preços de produtos e serviços que a população experimenta no dia a dia, depende diretamente do valor da Selic.
Outra função importante da Selic é a de ser a taxa média praticada nas operações compromissadas com títulos públicos federais por um dia útil. O Banco Central realiza operações no mercado desses títulos para garantir que a taxa efetiva esteja alinhada com a meta definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Quando o BC decide aumentar a Selic, geralmente é uma tentativa de controlar a inflação. Por outro lado, quando a Selic é reduzida, o objetivo é estimular a economia, facilitando o crédito e incentivando o consumo.
Histórico da Selic no Brasil
Nos últimos 20 anos, no Brasil, a Selic é alvo de muito debate e entre especialistas e políticos. Especialistas acreditam que a Selic é relevante, sendo a taxa que serve como base para os parâmetros dos demais índices econômicos brasileiro. Porém, setores da política pretendem sempre flexibilizar o indicador com o objetivo de melhorar o consumo da população.
Pegando como base os dois primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de 2003 a 2010, a taxa Selic sempre se manteve acima dos dois dígitos, sendo o maior índice de 26,05, em fevereiro de 2003. Porém, dada a inflação dos últimos 12 meses da época, o juro real era de 9,19%.
Nos governos Dilma (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), a taxa base da Selic também foi motivo de discussão e críticas dos especialistas. No início de 2011, no primeiro mandato da presidente petista, o Cupom reduziu o juro de 12,50% para 12%. A queda de deu por dez reuniões consecutivas, findando em 7,25%. Em 2016,2017 e 2018, sob o mandato de Temer, os números saíram de 14,25% para 6,50%. Durante o governo Bolsonaro, em meio à pandemia, seguindo uma tendência mundial, a Selic atingiu a taxa de 2%, tendo subidas posteriores que a elevaram ao patamar de 13,25%.
O Cupom se reúne a cada 45 dias para avaliar a situação econômica do país e decidir se é ora de subir ou baixar a taxa. Embora o assunto pareça técnico, a taxa Selic afeta a vida de todos, influenciando desde o valor das parcelas de um carro até os juros que rendem em uma conta poupança.