Maioria dos brasileiros confia no Judiciário
Estudo da Imagem do Judiciário Brasileiro mostra credibilidade dos três poderes junto à população
A sociedade confia mais no Judiciário do que no Legislativo e no Executivo. A conclusão é do Estudo da Imagem do Judiciário Brasileiro, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), uma pesquisa feita em parceria com a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e a Associação de Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (AMAERJ) sob a coordenação do cientista político e sociólogo Antonio Lavareda. O trabalho mostra que mais da metade das pessoas ouvidas diz confiar na Justiça: 52%. A Presidência da República conta com 34% de confiança, enquanto o Congresso Nacional tem apenas 19%.
O levantamento, feito entre agosto de 2018 e novembro de 2019 ouvindo mais de 2,5 mil pessoas, atesta que 21% da população considera o sistema judiciário ótimo ou bom, enquanto 41% acham regular e 35%, ruim ou péssimo. O Legislativo é o Poder com a pior avaliação: 51% consideram ruim ou péssima a atuação dos parlamentares, enquanto apenas 10% avaliam como boa ou ótima. Já o Executivo é aprovado por apenas 16% das pessoas ouvidas, contra 46% que acham ruim ou péssima a atuação.
Interferência
A pesquisa revela ainda que os políticos – incluindo o presidente da República – são os que mais interferem no trabalho do Judiciário, segundo a percepção dos entrevistados. Eles também apontam uma relação de conflito entre os três poderes: 60% consideram que não são independentes e que frequentemente um interfere no outro.
Lançamento em Brasília
Idealizada pela AMB, a pesquisa foi apresentada durante o III Encontro Nacional de Comunicação do Poder Judiciário, realizado em Brasília (5 e 6/12). “O que chama a atenção nos resultados da pesquisa é que, quanto maior a experiência do usuário com a Justiça, maior a avaliação positiva, exceto quando se trata de direito penal e tributário”, contou Lavareda. “E essa experiência não precisa ser apenas pessoal. Pode ser por familiares e conhecidos”, completou.
A maior contribuição do Judiciário para o país, de acordo com o estudo, é o combate à corrupção e à violência e a consolidação da democracia. “Observamos aqui claramente o contexto atual da sociedade. Há uma crise de reputação, uma percepção generalizada de desigualdade, uma percepção de aumento da corrupção e um descrédito nas instituições”, explicou o pesquisador.
Metodologia
O trabalho durou um ano e mesclou metodologias e técnicas qualitativas e quantitativas, abrangendo diversos segmentos de público: sociedade (termo usado a seguir para denominar usuários e não usuários dos serviços da Justiça, sendo os jurisdicionados demandantes e demandados); advogados; defensores públicos; e formadores de opinião. Para tornar o Estudo ainda mais completo e abrangente, também foi investigada a imagem do Judiciário brasileiro nas redes sociais e na mídia internacional.