CEO do Carrefour promete retratação pública após boicote de produtores brasileiros

CEO do Carrefour promete pedido de desculpas após impacto negativo nas operações

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O CEO mundial do Carrefour, Alexandre Bompard, sinalizou que fará uma retratação pública sobre a carne brasileira após um veto a produtos do Mercosul. Representantes da Embaixada da França no Brasil informaram ao Ministério da Agricultura que a carta de desculpas já está redigida. A informação foi confirmada por fontes apuradas pela Folha.

Na última quarta-feira, 20 de novembro, Bompard publicou um comunicado em suas redes sociais, onde anunciou que as lojas do Carrefour na França deixariam de comprar carne proveniente do Mercosul, devido ao “risco de inundar o mercado francês com carne que não atende às suas exigências e normas”. A declaração foi feita no contexto das negociações sobre o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul, o qual tem gerado protestos de agricultores franceses.

Esse anúncio provocou uma reação imediata de boicote por parte de produtores brasileiros, que passaram a suspender o fornecimento de carne para as lojas do Carrefour no Brasil. O movimento foi respaldado pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que também criticou publicamente a decisão. Na segunda-feira, 25 de novembro, o embaixador francês no Brasil, Emmanuel Lenain, se reuniu com a pasta para mediar a situação.

Em resposta, o Carrefour Brasil afirmou que ainda não tinha informações sobre a retratação do CEO global. A Embaixada do Brasil em Paris também se manifestou, criticando a posição de Bompard. “Não é aceitável uma campanha pública que espalha desinformação sobre os produtos brasileiros”, declarou a embaixada.

Até o momento, 23 frigoríficos brasileiros interromperam o fornecimento de carne para a rede, incluindo grandes nomes como JBS, Marfrig e Masterboi. Isso já afetou o abastecimento de mais de 150 lojas do Carrefour no Brasil, de acordo com informações do setor.

Em São Paulo, consumidores começaram a sentir os efeitos do boicote. Em uma pesquisa realizada em três unidades da rede, 34 dos 60 clientes entrevistados indicaram já ter percebido a falta de produtos específicos nas prateleiras.

O Carrefour Brasil emitiu uma nota lamentando os impactos da situação, destacando sua relação com o agronegócio nacional. A empresa afirmou que a suspensão do fornecimento de carne prejudica os consumidores, especialmente aqueles que dependem da rede para abastecer suas casas com produtos de qualidade.

A filial brasileira do Carrefour, que é a segunda maior operação do grupo no mundo, só perde para a França em termos de volume de vendas, segundo fontes do setor. A diretoria local da empresa entrou em contato com o Ministério da Agricultura, alegando surpresa com as declarações de Bompard.

Os acionistas do Carrefour no Brasil expressaram preocupação com a repercussão da crise, temendo os reflexos nas operações da varejista no país. Fontes de alto escalão do governo indicaram que os investidores estão cobrando uma mudança de posicionamento da matriz na França.

De janeiro a outubro de 2024, as exportações brasileiras de carne para a União Europeia representaram apenas 3% do total, com 67 mil toneladas de carne bovina enviadas ao bloco. A França, em particular, comprou apenas 314 toneladas, o que corresponde a 0,02% das exportações brasileiras. Já a China, principal destino das carnes brasileiras, adquiriu 1 milhão de toneladas, representando quase 50% das exportações do setor.

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