Rio São Francisco abriga usina de energia flutuante com painéis solares

A planta piloto da Chesf deve entrar em operação em dezembro

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As águas do Rio São Francisco agora abrigam uma Usina Solar Fotovoltaica Flutuante, que transforma a luz solar em energia elétrica. A planta piloto de painéis solares foi instalada pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) no reservatório da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, e deve entrar em operação em dezembro.

Esse sistema de geração concentrada de energia fotovoltaica em usinas utilizando a área de reservatórios é pioneiro no Brasil. Até então, ele só havia sido instalado no solo. Segundo a Chesf, o objetivo é avaliar a viabilidade técnica, econômica e ambiental do projeto para que ele possa participar de leilões de venda de energia e ser reproduzido em outros reservatórios ou até mesmo em rios.

“Isso pode ser muito bem replicado em lugares onde o Brasil é rico em rios, na Amazônia e regiões do Centro-Oeste, por exemplo. Estamos criando uma oportunidade”, explicou o gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Chesf, José Bione, contando que, quando o projeto estiver concluído, a usina flutuante terá capacidade de abastecer 20 mil casas.

R$ 56 milhões                                           

A plataforma flutuante já instalada em Sobradinho tem 7,3 mil módulos de placas solares, área total de 10 mil metros quadrados e capacidade de gerar 1 megawatt-pico (MWp). Outros 4 MWp deverão ser instalados em 2019. Quando o projeto estiver concluído, com 5MWp, a usina flutuante deverá contar com 35 mil módulos e 50 mil metros quadrados de área sobre o reservatório de Sobradinho. O investimento total da Chesf é R$ 56 milhões.

Para comparação, o reservatório de Sobradinho tem uma superfície de espelho d’água de 4,2 mil quilômetros quadrados, com uma usina capaz de gerar 1,05 mil MW. Mas, atualmente, por causa da baixa vazão, a usina está gerando em torno de 180 MW.

De acordo com especialista em engenharia elétrica e professor da Universidade de Brasília, Rafael Shayani, a previsão é que até 2050, com o crescimento do país, o consumo de energia triplique. Ele avaliou que projetos como o de Sobradinho são positivos já que não causam impacto ambiental adicional. “Quando você produz energia com uma fonte solar você tá postergando a construção de uma nova hidrelétrica e evitando que uma termelétrica, que queima combustível fóssil e emite gás efeito estufa, seja ligada”, argumentou.

Placas nos telhados

De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), apesar de crescente, a geração concentrada em usinas de energia fotovoltaica representa apenas 1% da matriz energética brasileira, com pouco mais de 2,2 mil empreendimentos em operação. Por outro lado, a geração distribuída, diretamente nos telhados das residências e empresas, vem se popularizando. A própria sede do Ministério de Minas e Energia, em Brasília, também já tem seu sistema próprio de energia solar fotovoltaica.

O professor Rafael Shayani, contou que a Alemanha já utiliza a tecnologia há mais de 20 anos e que, com a entrada da China no mercado, tanto produzindo, quanto consumindo energia fotovoltaica, os preços dos equipamentos caíram muitos nos últimos anos. “Só nos últimos três anos, o preço caiu para praticamente a metade”.

Segundo ele, cerca de 40 mil residências no país já possuem esse sistema instalado em seus telhados. Desde 2012, a Aneel permite a instalação individual dos equipamentos, desde que autorizados e fiscalizados pela distribuidora de energia da região. “É como se o relógio andasse para trás”, explicou o professor. O consumidor gera e utiliza sua própria energia durante o dia e o excedente entrega para a distribuidora. À noite, pega essa energia de volta. Com isso, há uma compensação na conta no fim do mês.

“Então, se você fizer um investimento em energia solar, você instala na sua casa, gera energia limpa, não paga mais conta de energia e tem um lucro no final das contas”, disse, explicando que para o consumo médio de uma família, o investimento para compra e instalação dos equipamentos é de cerca de R$ 12 mil. O retorno financeiro desse sistema vai variar de cinco a dez anos, com o uso de um equipamento que tem 25 anos de vida útil em média.

Agência Brasil

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